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Carros autónomos são uma oportunidade para os designers? I

| Revista ACP

Quando se conduz um veículo há restrições de design para a visibilidade, de forma a poderem ser homologados, mas isso não será um problema com veículos autónomos, a sua estrutura irá alterar-se porque as regras vão mudar e isso é muito emocionante.

giorgetto giugiaro

Não acredito que haja qualquer diferença essencial na conceção de um carro convencional e aquilo que poderemos fazer com os veículos autónomos. A estética é fundamentalmente a mesma. A forma deve ser inovadora, com a funcionalidade e a estética a serem muito bem combinadas. O carro deve ser bonito, mesmo se o carro se conduz sozinho.

Na verdade, diria até que os carros autónomos podem constituir uma grande oportunidade para os designers. Há uma vantagem enorme pois a estrutura do veículo pode ser abordada de forma radicalmente diferente. Atualmente, existem muitos elementos de um carro que somos obrigados a ter em conta na posição de condução, devido às muitas restrições. Isso quer dizer que o design de carros autónomos tem tudo ainda em aberto. Vamos poder colocar muita mais fantasia na estética. Quando se conduz um veículo há restrições de design para a visibilidade, de forma a poderem ser homologados, mas isso não será um problema com os veículos autónomos, a sua estrutura irá alterar-se porque as regras vão mudar e isso é muito emocionante.

A única coisa que não podemos fugir, porém, é que o homem não muda, o nosso físico não muda. Estamos talvez um pouco mais altos do que costumávamos ser, mas temos de entrar e sair do carro da mesma maneira. Assim, no final, o carro será feito mais em torno da pessoa.

Os carros autónomos vão certamente promover um maior conforto. As pessoas vão exigir ambientes mais confortáveis e acho que o desempenho do veículo será um problema menor. Afinal, qual é o significado de ter um carro desportivo num mundo de limites de velocidade? Isso é ser simplesmente um astronauta em plena cidade. O ego manda que amemos o nosso carro, mas no fim de contas nunca usamos boa parte das capacidades do carro. Creio que esse pensamento vai mudar com os carros autónomos.

Vai haver essa mudança, mas acho que os carros continuarão a ser objeto belos, independentemente do que o futuro decidir nesse campo. As pessoas vão sempre querer coisas bonitas. Considero que este tipo de carro vai ser ainda mais personalizável, para que as pessoas os escolham à sua medida. E isso pode significar até um regresso aos velhos tempos da construção de carroçarias, com esses construtores a idealizar objetos mais personalizáveis e vistosos. 

*Este é o primeiro de três artigos sobre o desafio dos carros autónomos para quem desenha e concebe automóveis
**Giorgetto Giugiaro é um dos mais prolíficos designers de automóveis, responsável pelo traço de carros inesquecíveis como o Maserati Ghibli, Audi 80, Alfa Romeo Sprint, Alfa Romeo Alfasud, Volkswagen Golf, Volkswagen Scirocco, Fiat 850 Sport Spider, Fiat Uno, Lotus Esprit, Lancia Delta, DeLorean DMC-12, Lexus GS, entre muitos outros.
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