Guia para comprar uma moto usada

Fixe estas sugestões para decidir bem e comprar melhor

 

Está com vontade de se juntar ao mundo das novas sensações proporcionadas pelas duas rodas, mas a pensar em comprar um modelo usado para se adaptar e ganhar experiência?

Ou talvez já tenha alguma experiência, mas pretende um modelo usado com poucos quilómetros e optar por um investimento menor?

Muitas dúvidas surgem com modelos usados e é natural o receio no momento da compra. Como escolher uma moto usada? E a quem recorrer – um vendedor particular, um concessionário oficial, uma loja mais especializada?

A decisão não é fácil, mas este guia vai ajudar a definir melhor as suas opções.

A pesquisa da moto usada

As ofertas e as opções existentes no mercado de venda de motos são muito vastas. Online, basta pesquisar por motos usadas para se encontrarem inúmeras opções nos mais conhecidos portais e websites de vendas de veículos. Também encontrará nas marcas oficiais áreas de serviços de venda de motos usadas, bem como em concessionários ou lojas especializadas. E, claro, encontrará igualmente muitas ofertas e anúncios de vendedores particulares.

Mas o que será melhor para si? Leia em seguida algumas das sugestões a ter em conta.

A quem comprar: oficial ou particular?

  • Preço

Se o custo de compra é um fator importante para si, em geral é possível encontrar junto de um vendedor particular preços mais baixos do que os oferecidos por um representante oficial. Isto porque um particular não possui uma estrutura de vendas, encargos com pessoal ou salários, nem um local de vendas e outros custos associados a um negócio.

Mas enquanto o preço mais baixo torna tentadora a opção, existem outras questões a ter em conta ao comprar junto de privados, como poderá confirmar em seguida.

  • Qualidade

A compra efetuada num concessionário de marca, num representante oficial ou num “stand” especializado, oferece uma maior certeza de fiabilidade e garantia. Nenhum destes pontos de venda estará interessado em vender veículos com problemas, nem manchar a reputação.

Ao optar pela compra “oficial”, pode contar com uma moto em bom estado, inspecionada, com histórico de serviço e de peças substituídas, bem como o acesso ao respetivo plano de manutenção futuro.

  • Histórico de manutenção e acesso ao passado da moto

Por vezes, os vendedores particulares não têm a possibilidade de comprovar a manutenção, peças e serviços efetuados ao longo da história do motociclo. No entanto, nem sempre é assim. Muitos proprietários são cuidadosos (especialmente com motos) e têm a capacidade de provar com documentação todo o passado do veículo.

Por outro lado, num concessionário oficial é muito mais fácil documentar todo o histórico da moto. As marcas têm sempre a possibilidade de recorrer ao histórico dos seus veículos, com a possibilidade de saberem se a moto foi roubada ou esteve envolvida em acidentes. Um particular pode não ter esse conhecimento e até ocultar essa informação. Peça sempre um registo do histórico da moto.

  • Garantia

Enquanto um vendedor especializado é obrigado a oferecer garantia, um vendedor particular estará sempre a vender a moto tal como ela está (a não ser que a moto ainda esteja na garantia oficial). Na ocorrência de qualquer problema, o vendedor oficial aceitará a moto para verificação, ao contrário do vendedor particular.

  • Reparações, manutenção e oficina

Um vendedor oficial oferece a vantagem de proporcionar serviços de reparação e oficina que poderão resolver quaisquer problemas que possam surgir. Bem como assegurar que a moto cumpriu a manutenção obrigatória antes de ser vendida.

Pelo contrário, ao comprar a moto a um particular, mesmo que apresente a manutenção em dia, esta poderá ter sido efetuada pelo próprio ou numa oficina não autorizada pela marca, o que pode indicar que não terá a mesma garantia de qualidade, nem assistência por mão de obra especializada ou a utilização de peças originais.

  • Financiamento

Um vendedor particular poderá não ter a capacidade de oferecer opções de financiamento, o que implica o pagamento imediato no momento da compra. Em geral, os vendedores oficiais oferecem a possibilidade de financiamento e conseguem proporcionar outras facilidades de aquisição e de apoio em todo o processo.

Caso opte pela compra junto de um vendedor privado, terá de tratar pessoalmente de toda a burocracia, incluindo empréstimos bancários e seguros.

  • Registos e transferência de propriedade

Tal como no financiamento, se optar pela compra “oficial”, poderá beneficiar de muito mais facilidade e agilização do processo de aquisição, visto que é possível tratarem de tudo por si.

O que deve verificar na documentação

Após pesquisar o suficiente sobre a moto em que está interessado, marque a respetiva visita e chegue à hora combinada para ter tempo de verificar com calma a moto ao vivo, bem como colocar todas as dúvidas ao vendedor.

Não se esqueça de colocar as questões abaixo.

O que verificar na documentação

  • Histórico de manutenção

Peça para ver o percurso de manutenção da moto (se estiver disponível). Muitos proprietários conservam o livro de manutenções periódicas previstas pela marca. Se foi o proprietário quem efetuou os serviços, é provável que tenha apontado notas sobre os serviços efetuados e peças substituídas. Se nada estiver registado, muitas vezes existem recibos de compra de material ou peças que podem fornecer alguma garantia de segurança.

  • Número de chassis ou quadro (VIN) e registo de propriedade

Solicite o VIN do veículo para poder pesquisar eventuais roubos ou acidentes. O registo de propriedade fornecerá informações sobre os proprietários previamente associados ao motociclo. O ACP pode ajudá-lo com a documentação de transferência de propriedade.

  • Manual da moto

Peça para ver o respetivo manual de instruções da moto. Todas as indicações e funções aí constantes vão ser extremamente úteis para conhecer melhor a sua futura moto, bem como a manutenção e cuidados associados. Se o vendedor não possuir o manual, considere pedi-lo à marca.

  • Kit de ferramentas

Questione o vendedor sobre o kit de ferramentas original incluído com a moto. Algumas motos possuem uma pequena bolsa ou área específica debaixo do assento reservada a ferramentas para pequenas reparações ou intervenções de emergência. Se este kit não estiver presente é aconselhável a sua aquisição. Num concessionário oficial será fácil encomendar um kit de ferramentas logo no momento da compra.

O que deve verificar na mecânica da moto

Quando marcar a visita junto do vendedor, peça para ver a moto fria. Um motor quente ou uma moto que já está a trabalhar pode esconder alguns problemas. Uma moto fria também permite ver como está a capacidade de arranque e se a bateria responde bem.

Verifique também a lista de componentes que lhe indicamos em seguida.

O que verificar na mecânica

  • Motor

Inspecione o motor e procure danos ou desgaste exterior nas tampas, bloco ou fugas nas juntas. Verifique se há fugas do líquido refrigerador no topo do motor e fugas de óleo nas vedações e zona inferior. Investigue fugas de fluídos no chão ou que fiquem para trás ao andar com a moto. Procure fugas nas juntas em borracha e ao longo do radiador. Preste atenção ao cheiro de óleo (cheiro intenso) ou líquido refrigerador (cheiro adocicado), sinais que podem significar potenciais fugas.

  • Chassis

Observe a estrutura do chassis e verifique possíveis falhas de pintura ou corrosão que possam vir a enferrujar. Verifique se existem rachas ou ausência de peças, quer por desleixo quer intencionalmente.

  • Suspensão

Procure fugas nos amortecedores, vedantes gastos ou peças que precisem de substituição. Veja se existem componentes ressequidos ou com rachas.

  • Rolamentos

A maior parte dos rolamentos numa moto estão selados e não requerem manutenção. Não devem estar gordurosos por fora. Mova a moto para trás e para a frente e fique atento a ruídos que possam indicar reparação ou substituição.

  • Corrente e cremalheira

Inspecione a corrente e verifique se está bem lubrificada. A lubrificação da corrente deve ter um aspeto “encerado”. O objetivo desta lubrificação é manter-se na corrente, fornecendo proteção contra sujidade e humidade e, por isso, não deve sair à medida que a corrente é acionada.

Os dentes da cremalheira devem estar relativamente limpos e sem falhas. Cada dente deve estar bem definido e enquadrado com a corrente, sem sinais de desgaste pronunciado.

  • Cabos e ligações elétricas

Os cabos de embraiagem, travões ou acelerador não devem ter folgas e devem atuar de forma suave. Se acionar uma manete e sentir resistência ou ouvir um ruído semelhante a um “arranhar”, o cabo precisa de ser substituído. Preste ainda atenção a cabos adicionais que indiciem reparação ou outras ligações não originais.

  • Pneus

Os pneus possuem indicadores de desgaste nos rastos que indicam a sua capacidade para escoarem água em condições de chuva. Se estiverem gastos, significa que terá de investir em breve num novo jogo de pneus.

Verifique ainda se a borracha está em boas condições. Se estiver ressequida ou com gretas, significa que os pneus podem ter estado muito tempo parados. Se puder, verifique a pressão de ar com um medidor, antes de sair para testar a moto.

  • Pintura e painéis exteriores

Observe a pintura e o exterior: há riscos? Faltam componentes? Consegue perceber se houve alterações em relação ao estado original? Se a moto já tem bastantes quilómetros, é natural que apresente algum desgaste provocado por pedras ou insetos. Se, apesar dos quilómetros, o exterior estiver imaculado, significa que houve substituições ou pinturas.

Não deixe de questionar o vendedor sobre eventuais substituições ou reparações.

  • Punhos, manetes de travão e apoios de pés

Quando as motos caem, os punhos, manetes e apoios de pés são, em geral, as primeiras áreas da moto a tocarem no chão. Se estiverem amolgados ou riscados, pergunte qual a razão. Foi apenas uma queda acidental com a moto parada ou a queda sucedeu com alguma velocidade?

  • Braços de suspensão

Os braços de suspensão devem estar direitos e livres de riscos. As borrachas vedantes não devem apresentar sinais de fugas, nem estar rachadas ou com sinais de virem a falhar em breve. Se mostrarem desgaste, são mais uma despesa que terá de considerar.

  • Bateria

Verifique a data da bateria. Deve mostrar uma marca ou um símbolo no mês e ano em que foi colocada na moto. Verifique se existe um tubo de ventilação ligado e orientado para a zona inferior e afastado da bateria. Em geral é direcionado para baixo, no interior da moto.

A bateria deve estar limpa, sem insetos, folhas ou detritos. Os terminais devem estar igualmente limpos, sem corrosão e bem apertados aos cabos positivo e negativo. Verifique também se foram efetuadas outras ligações à bateria e qual a sua razão.

  • Fluido de travões

Verifique as condições e o nível do fluído de travões. O reservatório deve ser translúcido ou permitir a observação do nível. Se o nível estiver baixo, pode afetar a capacidade de travagem. Não saia para experimentar a moto sem o nível correto.

O líquido deve ter uma cor dourada ou acobreada. Ao longo do tempo vai escurecendo (castanho escuro) e deve ser substituído. O manual da moto deverá indicar o momento em que deve ser substituído, de acordo com a utilização e a quilometragem.

  • Depósito de combustível

Inspecione o depósito de combustível. A tampa deve funcionar perfeitamente e selar bem, sem emissão de odores a combustível. Verifique os pontos de apoio ao chassis e procure eventuais falhas ou rachas. Os tubos de ligação de combustível do depósito ao motor, devem apresentar-se sem cortes ou falhas. Estes devem estar bem seguros e o depósito não deve apresentar quaisquer fugas.

  • Luzes

O farol principal (ou faróis) deve acender com a ignição, dependendo da idade do motociclo. Se este for mais antigo, deverá ter um interruptor para ligação manual. Todas as luzes devem funcionar – indicadores de mudança de direção, mostradores de funções e luzes de aviso, bem como a luz de travagem e de matrícula.

  • Uma última inspeção visual

Para além das verificações que lhe referimos anteriormente, afaste-se da moto e faça uma inspeção visual. As imagens que viu anteriormente da moto refletem bem o modelo que agora vê ao vivo? Tudo bate certo ou há diferenças?

Experimentar a moto

O momento do teste da moto é essencial. Ao experimentar a moto, não se foque apenas em tentar perceber se é a moto certa para si. É mais importante focar-se em como se sente na moto, em a “ouvir” e perceber como é circular com a escolha que fez.

Complementado com a observação visual prévia ao teste, esteja atento a ruídos, sons estranhos e a componentes soltos. Há ruídos na suspensão ou quando movimenta a direção? Nota sons de vibrações soltas? Os travões funcionam bem e de forma suave?

Preste atenção a tudo aquilo que pareça fora do normal, porque terá que discutir e pedir para retificar todas essas questões junto do proprietário ou concessionário, o que poderá representar um custo acrescido e inesperado.

Experimentar a moto

Não se precipite

A compra de uma moto pode ser longa e implicar um investimento elevado. Demore o tempo necessário e dedique tempo suficiente para pesquisar e escolher a melhor opção. Quer online, num concessionário ou junto de um vendedor particular, é importante que investigue e faça as perguntas que achar convenientes, sobretudo se vai comprar uma moto usada pela primeira vez 

É também importante que compreenda qual a melhor moto para si, entre os diversos tipos, estilos e funcionalidade que cada uma oferece. Compare e verifique-as antes de afunilar a sua escolha.

Quando finalmente estiver em frente à moto das suas preferências, tome atenção às verificações que lhe referimos anteriormente, coloque as suas dúvidas, esteja atento ao que o teste da moto lhe transmitir e, se realmente sentir que é a compra certa, parabéns!

Divirta-se com a sua moto, em segurança e devidamente equipado. Pode ainda contar com o seguro para motos ACP, que lhe oferece toda a proteção a partir de 5,75€/mês.

Boas curvas!

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