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O fascínio da velocidade

| Revista ACP

Nos automóveis atuais, mais seguros e eficientes, muito raramente sentimos a adrenalina associada à sensação de velocidade.

LUÍS CUNHA

Na época em que vivemos em que os automóveis do dia a dia ultrapassam com alguma facilidade os 200 cv de potência e atingem velocidades que têm de ser limitadas eletronicamente ao alcançar os 250 km/h, para muitos de nós o prazer da velocidade deu lugar ao receio de circular no limiar da legalidade.

Nos automóveis atuais, indiscutivelmente mais seguros, silenciosos e eficientes, muito raramente sentimos a adrenalina associada à sensação de velocidade.

Mas nem sempre foi assim. Nos primórdios dos automóveis, alcançar 100 km/h era um feito só possível aos mais aventureiros.

Em 27 de Outubro de 1902 um grupo de entusiastas do qual fazia parte o Infante D. Afonso organizou a primeira corrida de automóveis da Península Ibérica ligando a Figueira da Foz a Lisboa, o vencedor demorou 12h24m a cumprir o trajeto.

Esta aventura, viria a dar origem, em Abril de 1903, à fundação do Real Automóvel Club de Portugal (RACP).

Em 1906, O RACP organiza em Valada do Ribatejo o “ Quilómetro lançado” onde o vencedor, José de Aguiar ao volante de um FIAT atinge a média de 82,56Km/h.

Mais tarde em 18 de Junho de 1922 seria a vez da Av. da Liberdade, em Lisboa, ser palco da prova do “Quilómetro de arranque” em que Abílio Nunes dos Santos venceu com o seu potente Mercedes a uma média superior a 90km/h.

Em 1935 um grupo de amantes da velocidade junta-se para fundar um clube dedicado à competição automóvel. Para que não houvesse margem para dúvidas, o nome que escolheram deixava claro que este clube era para quem gostava de emoções fortes, estamos a falar do “Clube dos 100 à Hora”.

É nisto que pensamos quando disfrutamos de um clássico dos anos 50 . A perceção da velocidade ganha uma outra dimensão. O conjunto de sensações que hoje experimentamos a 80m/h num automóvel de outros tempos, só se torna possível num automóvel moderno a uma velocidade muito para além do razoável.

Num passeio de clássico, a cumplicidade com a máquina, os sentidos focados na condução, o desejo de aventura, resultam num prazer impossível de atingir ao volante de um moderno “eletrodoméstico”.

É isto que torna cada viagem única e completamente viciante, quem experimenta já não consegue voltar atrás. O gosto pelos clássicos é para a vida.

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