No episódio mais recente do podcast Viajar é para Todos, do Automóvel Clube de Portugal, Sofia Martins conversa com Nuno Vitorino, fundador da Associação Portuguesa de Surf Adaptado e ex-atleta paralímpico.
Tetraplégico desde os 18 anos, Nuno descreve as viagens como livros em movimento, onde cada destino representa uma nova história e uma oportunidade de aprendizagem.
Durante a conversa, fala sobre a exigente preparação que uma pessoa com mobilidade reduzida enfrenta ao viajar.
Desde a escolha de alojamentos adaptados até à verificação da acessibilidade dos transportes, tudo tem de ser cuidadosamente planeado. Nem sempre a palavra "adaptado" corresponde à realidade, alerta, dando como exemplo o hábito de pedir fotografias das casas de banho dos hotéis antes de reservar.
A logística das suas viagens enquanto atleta de surf adaptado é igualmente complexa, desde o transporte das pranchas ao apoio necessário, que implica nunca viajar sozinho.
Ainda assim, Nuno defende que as limitações físicas não são um obstáculo intransponível e sublinha o poder transformador do desporto e da preparação.
Com histórias que vão da Califórnia à Argentina, partilha experiências onde a falta de condições foi superada pelo espírito de aventura e pela ligação humana.
Em contraste, elogia países como Alemanha ou Inglaterra, onde sente que a acessibilidade está verdadeiramente integrada na vida quotidiana. Londres, em particular, é uma cidade onde diz sentir-se como qualquer outra pessoa — o maior elogio que pode fazer a uma sociedade.
Quanto à Associação Portuguesa de Surf Adaptado, que fundou em ligação com organizações do Havaí, Brasil e Costa Rica, explica que nasceu do desejo de tornar o surf acessível a todos. Hoje apoia atletas dentro e fora de Portugal e contribui para democratizar o desporto.
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No final, deixa uma mensagem simples e poderosa: todos podemos, em algum momento, precisar de um mundo mais acessível. A acessibilidade não é um luxo nem uma concessão, é um direito.
Por isso, defende que o essencial é não se limitar. Com preparação, apoio e determinação, tudo é possível. Porque, como diz, a vida é curta demais para não se viver plenamente — e cada viagem é uma história que vale a pena ser contada.
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