Luís trouxe a perspetiva do ACP Clássicos enquanto uma das autoridades no mundo dos automóveis históricos em Portugal, ajudando a clarificar conceitos e a distinguir o que é um verdadeiro carro clássico. Ficou claro que “Um restomod não é um automóvel clássico.”
Segundo explicou, embora o restomod mantenha um design inspirado num carro antigo, na realidade trata-se de um veículo moderno disfarçado de clássico.
“Apesar de à primeira vista parecer um modelo de época, o restomod é fabricado atualmente, com plataformas, motores e tecnologias contemporâneas, totalmente fora do contexto histórico do carro original.”
Esses automóveis, portanto, não se enquadram na categoria de clássicos.
“O que temos é um carro novo com linhas antigas. É uma reinterpretação moderna interessante, sim, mas que não pertence ao universo dos clássicos históricos, nem do ponto de vista técnico, nem patrimonial.”
A conversa seguiu então para o conceito de retrofit, frequentemente confundido com o restomod.
Luís Cunha explicou que o retrofit consiste na aplicação de componentes modernos em automóveis clássicos, com o objetivo de melhorar a usabilidade, segurança ou conforto, sem descaracterizar o veículo.
“O retrofit é, no fundo, uma atualização que deve ser ponderada. Pode incluir a instalação dos mais variados componentes como direção assistida, ar condicionado, ignição eletrónica ou travões mais eficientes entre outros elementos que tornam o carro mais utilizável no dia a dia.”
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Segundo Luís, o essencial é que essas modificações não alterem a identidade nem a essência mecânica do automóvel e principalmente que sejam reversíveis para que no futuro o modelo possa voltar a ficar exatamente como saiu de fabrica.
“Se as alterações forem feitas com respeito pelas características originais, o carro continua a ser considerado um clássico. Estamos a falar de upgrades, não de transformações profundas.”
A eletrificação de clássicos também foi tema. Passa pela substituição do motor de combustão por um sistema elétrico. Luís Cunha reconheceu que há um interesse crescente neste tipo de conversão, motivado por razões ambientais e pela vontade de manter os carros em circulação nas cidades. No entanto, a posição do ACP Clássicos é clara:
“A eletrificação de um clássico muda a natureza do automóvel. Quando se retira o motor original, perde-se parte da sua história. Há casos em que pode fazer sentido como forma de manter o carro ativo, mas deve ser sempre uma exceção, e não a regra.”
Para o ACP, a autenticidade é um valor fundamental. Cada automóvel clássico conta uma história técnica e cultural que deve ser preservada tanto quanto possível.
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