O Automóvel Club de Portugal (ACP) lamenta que o Orçamento do Estado para 2026 não contemple a criação de um programa de incentivo ao abate de viaturas em fim de vida, uma medida fundamental para o rejuvenescimento do parque automóvel nacional e para a transição para uma mobilidade mais sustentável.
Esta iniciativa, que chegou a constar do Orçamento de 2024, não foi implementada conforme previsto no segundo semestre desse ano, mantendo-se por concretizar uma política pública de elevado impacto ambiental, energético e de segurança rodoviária.
O incentivo ao abate de veículos antigos constitui um instrumento essencial para acelerar a renovação da frota automóvel, substituindo viaturas obsoletas por modelos mais eficientes e menos poluentes.
Um veículo com 15 anos pode emitir até o dobro do CO2 de um modelo novo equivalente, sobretudo quando movido a gasolina ou gasóleo.
Já os veículos mais recentes, a combustão, híbridos ou elétricos, apresentam emissões significativamente inferiores, ou mesmo nulas, durante o seu funcionamento.
De recordar que 62,1% dos veículos ligeiros de passageiros em circulação em Portugal têm mais de 10 anos, enquanto 60% dos pesados de passageiros ultrapassam também essa idade, revelando a urgência de medidas eficazes de renovação da frota nacional.
O ACP defende que o incentivo ao abate deve abranger todos os veículos ligeiros com mais de 15 anos, através de um apoio direto que estimule simultaneamente o abate de viaturas antigas e a aquisição de automóveis novos ou seminovos mais seguros e energeticamente eficientes.
Para o ACP, esta é uma medida incontornável e urgente, essencial para reduzir as emissões poluentes, reforçar a segurança rodoviária e alinhar o país com os objetivos europeus de descarbonização e modernização do setor automóvel.
É, por isso, paradoxal que, num momento em que tanto se fala de sustentabilidade ambiental, continue a faltar uma medida concreta que poderia ter um impacto real e imediato na redução das emissões e na renovação do parque automóvel português.