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VW Golf fez 45 anos mas ainda está para as curvas

| Revista ACP

Chegou em 1974 para ocupar o lugar do Carocha e continua a ser um dos modelos mais emblemáticos da marca.

Golf 1920

A primeira geração deste modelo nasceu em Itália, pela mão de Giorgietto Giugiaro, um dos maiores nomes do design automóvel. A história é contada na primeira pessoa pelo próprio Giugiaro. “É um episódio muito interessante. Kurt Lotz, então presidente da Volkswagen, visitou o Salão de Turim em 1969 e fez uma lista dos seis carros que mais tinham gostado. Eram modelos de marcas diferentes, mas eu tinha desenhado quatro deles… Foi então que disseram: ‘quatro dos favoritos foram desenhados pela mesma pessoa? Queremos!’ O telefone tocou na minha jovem companhia ItalDesign poucos dias depois. Era o importador italiano da Volkswagen, que me disse - ‘Eles querem que tu vás a Wolfsburgo!’ E lá fui, em Janeiro de 1970”.

Já na Alemanha, Giugiaro ouviu da boca de Kurt Lotz qual era a missão: “Queremos que desenhe o sucessor do Carocha”. Assim mesmo, direito ao assunto, à boa maneira alemã. “E ficaremos satisfeitos se o espaço interior corresponder ao que é oferecido pelo Carocha”, disse ainda Lotz.

“A Volkswagen sabia que tinha em mãos a responsabilidade de produzir um sucessor para o carro de massas, mas tinha também a perfeita consciência de que este tinha de estar de acordo com as tendências do momento”, adianta ainda Guigiaro, que recebeu dos responsáveis de Wolfsburgo as dimensões clássicas, tais como comprimento, distância entre eixos, até as cotas interiores e os motores do novo modelo. Todo o projeto foi pensado ao detalhe desde o início, incluindo as componentes económicas, industriais e de mercado.

Em março de 1974 saiu o primeiro Golf da fábrica, que surpreendeu pelas suas linhas retas, motor à frente, tração dianteira, tudo ao contrário daquilo que o Carocha oferecia. Mas as novidades não se ficavam por aqui já que o novo modelo exibia um conceito de hatchback de três ou de cinco portas, com uma porta traseira a dar amplo acesso à bagageira. Dois anos depois é lançada a versão GTI e pouco depois outra sigla histórica: o GTD. Ainda na primeira geração do Golf surge o CityStromer, uma série limitada a 25 unidades que fica para a história como o primeiro carro elétrico produzido para uso diário.

No ano de 1983 surge o Golf II que se apresenta maior, mais dinâmico e pioneiro em alguns detalhes, como ABS, catalisadores ou motores mais eficientes. Este modelo torna-se o primeiro carro de grande produção a ser construído com painéis galvanizados. Surgem as primeiras versões Syncro de quatro rodas motrizes, a par das Country, com ares de SUV. Ainda referência para as unidades sobrealimentadas pelo compressor G, dando origem aos hoje tão desejados G60. É também nesta altura que surgem os primeiros motores de quatro válvulas por cilindro.

O Golf III aparece em 1991. Maior que as versões anteriores, passou a oferecer ABS de série (em 1997, o último ano desta geração) e causou sensação com o motor VR6, um seis cilindros compacto que estabeleceu uma nova fasquia. É também nesta geração que a marca lança uma versão carrinha, denominada Variant, e introduz os motores TDI. Primeiro nas versões de 90 cv e, depois, nas de 110 cv, estas motorizações passaram a ser as mais procuradas e aquelas que atraiam mais clientes de outras marcas.

A chegada do Golf IV acontece em 1997, assumindo-se como um modelo compacto, dotado de padrões e equipamentos até então reservados às classes superiores. Quem se sentou dentro deste modelo não se esquece da envolvência dos seus interiores, do rigor dos materiais e do painel de instrumentos com aquela cor única, de tons violeta, que marcavam a diferença no segmento C. Também foi o primeiro a oferecer, a partir de 1999, o ESP de série. Referência ainda para o lançamento do R32, animado por 3.2 V6 de 241 cv e caixa DSG, de dupla embraiagem.

Se o Golf IV elevou a fasquia ao nível de interiores, o Golf V, surgido em 2003, foi mais longe, assim como no comportamento dinâmico e sensação de condução. Este melhoramento ficou a dever-se à utilização de configurações de suspensões e chassis inteiramente novas. A frente foi totalmente redesenhada, enquanto a suspensão traseira passou a oferecer uma solução multi-link, num conjunto que coabitava na perfeição com a direção eletromecânica de grande precisão. Esta geração apostou nos equipamentos de segurança como elementos de série, juntando aos ESP e ABS, a presença de seis airbags.

Sucede-se o Golf VI em 2008 que volta a surpreender pela evolução dos seus equipamentos de segurança, através de uma nova geração de ESP e airbags para os joelhos, de série. O chassis auto-adaptativo, estacionamento automático ou controlo de distância passaram a estar disponíveis nesta geração do modelo. A gama trouxe ainda outras surpresas, tais como o regresso do cabriolet, agora sem o arco de segurança. E é também nesta geração que surge o primeiro GTI “descapotável” da história do Golf.

O maior salto tecnológico entre gerações, acontece com o Golf VII em 2012, ao exibir uma família de motores a gasolina totalmente nova e, pela primeira vez, a presença de uma versão elétrica e plug-in híbrida. Esta é também a versão que introduz, de série em todos os modelos, os sistemas start-stop e de recuperação de energia. As motorizações Bluemotion, vocacionadas para a eficiência de consumos, ganha preponderância, especialmente com o bloco 1.6 TDI de 3,4 litros/100 km. Ainda nesta geração o GTI, que celebrou 40 anos em 2016, regressou com mais força - 220 cv, ou 230 cv na versão Performance. Fica também para a história o Golf R com 300 cv de potência.

Em 2017 chega o facelift do Golf VII, onde se inclui a iluminação por LED. Mas é no interior que estão as maiores novidades, tais como o controlo por gestos, painel de instrumentos digital e um conjunto de soluções de conetividade. Os motores apostam na eficiência energética, nomeadamente nas cilindradas mais baixas, ao mesmo tempo que as versões híbridas e elétricas ganham um lugar de destaque inédito na gama.

Vem a caminho a oitava geração do modelo europeu mais vendido em toda a história do automóvel (mais de 30 milhões de unidades) e que sem dúvida vai marcar o calendário de lançamentos do próximo ano. Isto porque, inicialmente, a marca de Wolfsburg previa lançar o Golf VIII ainda no final deste ano, mas notícias frescas apontam nova data: o primeiro trimestre de 2020.

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