A Associação Europeia de Fornecedores Automóveis (CLEPA) considera a mudança de controlo da Nexperia, um importante fornecedor mundial de semicondutores, “um assunto extremamente sensível” para a indústria automóvel.
No final de setembro, o Governo dos Países Baixos assumiu o controlo da Nexperia, cuja casa-mãe é a China Wingtech, justificando a medida com preocupações com a segurança nacional e a soberania tecnológica neerlandesa. Como forma de retaliação, a China proibiu a Nexperia de exportar produtos fabricados na Extremo Oriente.
Segundo a CLEPA, este episódio aumenta o risco de interrupções generalizadas na cadeia de abastecimento dos fabricantes automóveis europeus, o que seria uma nova crise no fornecimento após o que aconteceu durante a pandemia de covid-19.
No limite, confirmando-se uma escassez de chips, vários fabricantes poderão ter de interromper a produção. Alguns dos clientes da Nexperia são a Volkswagen, Toyota, BMW e Mercedes-Benz, nomeadamente para aquisição de transistores e diodos, entre outros tipos de semicondutores.
“Exortamos todas as partes a agirem com integridade e cautela. Temos uma cadeia de abastecimento profundamente interligada e a transformação da mobilidade na Europa depende de um ecossistema estável de semicondutores”, afirma o secretário-geral da CLEPA, Benjamin Krieger, num comunicado da entidade que representa os fornecedores de fabricantes europeus.
“Os fornecedores automóveis estão a sofrer grandes impactos como produtores intermediários, operando entre fábricas de componentes críticos e fabricantes de veículos. Exortamos todas as partes interessadas relevantes a envolverem-se de forma construtiva e a agirem rapidamente para encontrar soluções viáveis e imediatas, que possam evitar perturbações na produção em toda a cadeia de valor automóvel”, conclui o responsável.
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Bosch e Autoeuropa admitem constrangimentos
Em Portugal, a Bosch já admitiu que as suas fábricas podem ficar “estranguladas” com a falta dos chips que os holandeses tiraram aos chineses, de acordo com o jornal Eco.
À Lusa, também a Autoeuropa fez saber que poderá vir a ser afetada pela falta de semicondutores devido a um problema com o fornecimento da empresa Nexperia, mas adianta que o grupo Volkswagen constituiu uma task-force para acompanhar a situação.
“Existe um problema de fornecimento de semicondutores da empresa Nexperia que poderá afetar toda a indústria automóvel europeia, incluindo naturalmente o grupo Volkswagen”, alertou a Autoeuropa num comunicado interno citado pela agência Lusa.
Ainda assim, a Autoeuropa garante que “até ao momento, a Volkswagen Autoeuropa não foi afetada e que a produção para a próxima semana está garantida”.