A Volkswagen deixou de produzir automóveis na sua fábrica de Dresden desde 16 de dezembro, tornando-se este o primeiro encerramento de uma unidade produtiva na Alemanha nos 88 anos de história do grupo.
A decisão surge num momento de forte pressão financeira para o maior fabricante automóvel da Europa, afetado pela quebra das vendas na China, pela procura enfraquecida nos mercados europeus e pelo impacto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre as vendas naquele país.
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O grupo tem vindo a rever a alocação do seu orçamento de investimento, estimado em cerca de 160 mil milhões de euros para os próximos cinco anos, num contexto em que os veículos com motores a combustão deverão manter-se no mercado por mais tempo do que o inicialmente previsto.
Este pacote financeiro, atualizado anualmente, tem sido reduzido: entre 2023 e 2027, o montante previsto era de 180 mil milhões de euros.
Em outubro, o diretor financeiro da Volkswagen, Arno Antlitz, admitiu que o fluxo de caixa líquido em 2025, anteriormente projetado como próximo de zero, poderá afinal ser ligeiramente positivo.
Ainda assim, analistas alertam que a pressão financeira deverá manter-se nos anos seguintes.
Desde o início da produção, em 2002, a fábrica de Dresden produziu menos de 200 mil veículos, um volume inferior a metade da produção anual da principal unidade da Volkswagen em Wolfsburg.
O encerramento da linha de montagem representa mais um passo no plano de redução de capacidade industrial na Alemanha, enquadrado num acordo com os sindicatos que prevê a eliminação de cerca de 35 mil postos de trabalho da marca Volkswagen no país.
O responsável máximo da marca, Thomas Schäfer, afirmou recentemente que a decisão não foi tomada de ânimo leve, mas que se revelou indispensável do ponto de vista económico.
Inicialmente concebida como uma montra tecnológica da Volkswagen, a unidade de Dresden começou por montar o topo de gama Phaeton.
Após o fim desse modelo, em 2016, a fábrica passou a simbolizar a estratégia de eletrificação do grupo, com a produção mais recente do elétrico ID.3.
No futuro, as instalações serão arrendadas à Universidade Técnica de Dresden para a criação de um campus de investigação dedicado ao desenvolvimento de inteligência artificial, robótica e semicondutores.
O construtor manterá ainda o espaço para a entrega de viaturas aos clientes e como atração turística.