Governar a partir de Marte

| Revista ACP

O brutal aumento dos combustíveis anunciado para 2015 mostra o desprezo e a falta de conhecimento do País em que vive o Governo e em particular o Ministro do Ambiente.


Os números vindos a público são claros: por força do Orçamento do Estado para o próximo ano, a Contribuição de Serviço Rodoviário será da ordem dos dois cêntimos por litro, 2,46 cêntimos com IVA; pelo lado da chamada fiscalidade verde, a taxa de carbono soma 1,5 cêntimos e, por último, a estimativa prevista em relação aos biocombustíveis deverá rondar 1,5 a 2 cêntimos na gasolina e 1,5 cts no gasóleo.

Contas feitas, facilmente se conclui que os automobilistas serão novamente esmagados pelos impostos, mas todos os contribuintes vão sofrer indiretamente com este disparo de preço nos combustíveis.

O Automóvel Club de Portugal há anos que alerta para a situação e muitas diligências tomou no sentido da defesa do consumidor e das empresas. Desta vez, é o próprio Governo na primeira pessoa a apontar uma arma aos consumidores. Como pretende arrecadar mais receita e desenvolver a economia em simultâneo?

Lamentavelmente vemos que o Ministro não vive seguramente em Portugal e desconhece em absoluto o País que governa. Acresce ainda que perante este quadro de miséria, o Governo não pretende de todo alavancar a economia. Basta olhar para Espanha e ver o que tem sido feito para acautelar os consumidores e a economia no que aos combustíveis diz respeito: não só a tributação é significativamente inferior à nossa, como se suspendeu o aumento da proporção de biocombustíveis no gasóleo.

Triste destino de um País que, apesar de ter saldado antes do tempo as dívidas aos credores internacionais, parece ter prazer em esmagar os seus contribuintes.

Lisboa, 29 de outubro de 2014

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