O Automóvel Club de Portugal (ACP) foi recebido pelo Secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, para discutir a situação crítica da sinistralidade rodoviária em Portugal e a urgência na definição e implementação da nova Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária.
O ACP manifestou grande preocupação com os números recentes da sinistralidade rodoviária, que colocam Portugal significativamente acima da média europeia em mortos e feridos na estrada, de acordo com o Eurostat.
Os dados da ANSR relativos ao período de 1 de janeiro a 13 de novembro revelam a ocorrência de 125.621 acidentes, mais 3.730 do que em período homólogo, 379 vítimas mortais (menos 41 face ao ano passado), 2.451 feridos graves (mais 40) e 39.316 feridos ligeiros (mais 686).
Apesar da ligeira redução no número de mortes, o aumento global da sinistralidade demonstra que este continua a ser um flagelo que afeta milhares de famílias portuguesas e exige ação imediata.
Face à gravidade desta realidade, o ACP reafirmou a sua total disponibilidade para colaborar ativamente com o Governo no sentido de acelerar a definição, publicação e implementação da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária.
O objetivo comum deve ser claro: reduzir o número de mortos e feridos e colocar Portugal num patamar de maior segurança rodoviária.
Durante a reunião, o Secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, salientou que “a segurança rodoviária constitui um dos mais relevantes desafios do nosso país. Todos os anos, centenas de famílias portuguesas são profundamente afetadas por acidentes que poderiam ter sido evitados.”
Sublinhou ainda que “hoje, aceitamos com leveza e alguma naturalidade as mortes na estrada, ao contrário do que acontece com outras tragédias, que recebem grande atenção mediática e que naturalmente revoltam o país. Mas o que realmente pretendemos e devemos exigir é diminuir o número de mortos na estrada.”
Rui Rocha acrescentou que “a aprovação da Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária, um instrumento estrutural que permitirá orientar políticas públicas e mobilizar entidades, será determinante para a redução da sinistralidade nas estradas portuguesas.”
Por sua vez, o Presidente do ACP, Carlos Barbosa, manifestou satisfação com a abertura demonstrada pelo Governo, afirmando que “é positivo verificar que o responsável governamental demonstra sensibilidade e urgência para tomar medidas concretas, após tantos anos de estagnação.”
Sublinhou que “este é um tema de enorme relevância, que vai muito além das estatísticas: são vidas humanas que se perdem, pessoas com vidas destruídas e um impacto profundo na saúde e na economia.”
Recorde-se que a primeira estratégia, referente ao período 2008-2015, foi publicada em 2009, mas a sua implementação ficou muito aquém do necessário.
Em 2018, perante a ausência de progresso, o Observatório ACP efetuou um ponto de situação e apresentou um conjunto de medidas imediatas. Em 2021, o Governo anunciou que se encontrava em desenvolvimento a nova Estratégia Nacional de Segurança Rodoviária 2021-2030 – “Visão Zero 2030”, cujo conteúdo, porém, nunca foi tornado público até à data, prolongando-se um impasse que tem atravessado vários Governos e sem que sejam visíveis avanços concretos.
O ACP tem um compromisso de longa data com a segurança rodoviária e assume um papel ativo e pioneiro nesta área, destacando-se o programa ACP Kids: um programa gratuito de educação rodoviária destinado a crianças entre os 4 e os 9 anos, que vai além do ensino das regras do Código da Estrada, pretende incutir boas práticas e fazer dos mais novos “embaixadores” de segurança junto dos pais e amigos.