O consultor especializado em parcerias estratégicas e desenvolvimento de negócio Andrew Wheatley, até março deste ano diretor para o desporto motorizado da FIA, foi convidado pela organização do Vodafone Rally de Portugal para observar o evento e analisá-lo “com olhos de marketeer”.
As conclusões do observador já estão disponíveis e a avaliação publicada não podia ser mais positiva para a prova organizada pelo ACP.
Wheatley foi desafiado a “perceber como maximizar os benefícios que podem ser extraídos de uma prova” como o Vodafone Rally de Portugal. E o que concluiu o antigo diretor da FIA? Que a etapa portuguesa “não é apenas uma prova do Campeonato do Mundo de Ralis [WRC] — é uma celebração da paixão, da técnica, da comunidade e da experiência partilhada”.
“Para os marketeers, representa uma oportunidade única de se ligarem a audiências com uma paixão genuína, num cenário onde a emoção é real e o impacto, duradouro”, explica o especialista nas notas divulgadas na sua página de Linkedin.
“Um dos pilares fundamentais do marketing”, prossegue Wheatley, é a comunicação — “e o Vodafone Rally de Portugal faz isso muito bem”.
O especialista refere que o Porto “é uma cidade com a dimensão ideal para um evento de desporto motorizado”, uma vez que os “habitantes acolhem o evento, adaptam-se a ele, toleram-no e celebram-no em igual medida”. A região Norte e Centro foi a casa do Vodafone Rally de Portugal, com a Exponor, em Matosinhos, a ser o “centro nevrálgico”.
Na reflexão sobre como usar o desporto para promover uma marca, o observador indica também que “o investimento da Vodafone no evento é facilmente compreensível”, visto que “centenas de milhares de espetadores estão com um telemóvel na mão a tirar fotos e gravar vídeos”. Desde 2007 que a Vodafone patrocina o Rally de Portugal, que voltou a contar para o WRC também a partir desse ano.
Acresce ainda o clima ameno de maio (20.ºC a 25.ºC), que “atrai adeptos de todo o mundo. Reino Unido, Espanha, França, Alemanha e outros ainda mais distantes — o WRC atrai adeptos que viajam e Portugal é um destino de eleição para o chamado turismo desportivo".
O homem que entre 2022 e 2023 foi diretor de ralis da FIA anota que o Vodafone Rally de Portugal “tem uma excelente reputação em termos de segurança”, sendo que “mais de 700 agentes da polícia estão diretamente envolvidos na organização e cada metro do percurso é planeado com rigor para garantir que o grande número de pessoas que acorre às classificativas o faz em segurança”.
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Para Andrew Wheatley, a prova portuguesa corresponde às “quatro dimensões” que o WRC permite vivenciar: “Vê-se a ação espetacular dos carros a desafiar a física, ouve-se o "tiroteio" do sistema anti-lag dos turbos, sente-se o cheiro a embraiagens quentes, travões sobreaquecidos, pingas de óleo sobre escapes incandescentes — e até se "prova" o rali, com o pó que cada carro levanta”.
“A adrenalina também existe fora do carro”, enfatiza.
Todo o ambiente “é uma oportunidade” para marketeers. “Ao contrário do futebol ou da Fórmula 1, os carros de rali passam a cada três minutos, durante horas. E nos intervalos entre carros, surge outro grande trunfo: o convívio. […] Não se trata de um Paddock Club ou lounge VIP — envolve caminhar por aldeias ou pelo campo, muitas vezes até locais remotos — mas é uma vivência comum com o ritmo certo entre ação e pausa, que permite construir relações”.
“Outro fator que distingue o WRC é o comportamento dos adeptos — são geralmente imparciais. Admiram talento, dedicação e paixão — têm os seus favoritos, mas não são tribais”.
“Voltando à parte do marketing — o rali é um dos poucos desportos onde os adeptos podem ver os carros e os pilotos de perto, a velocidades incríveis, e depois encontrá-los no parque de assistência, de forma informal”, comenta.
O ponto de honra da prova, para Wheatley, está na sustentabilidade. “Nos últimos anos, o WRC concentrou-se fortemente na sustentabilidade — e os fãs também. Os carros utilizam combustível sustentável, os materiais recicláveis são promovidos em todos os pontos de contacto com os espectadores, os transportes públicos são incentivados e os resíduos são cuidadosamente recolhidos”, lê-se.
Andrew Wheatley destaca, por último, que “há ativações [de marcas], promoções, sinalética e animações”, que a presença das marcas “é sentida — e não é intrusiva, mas sim de celebração. A prova conta ainda com o pilar da digitalização – “a aplicação oficial do WRC é intuitiva, atualizada em tempo real.
“Por fim, talvez o aspeto mais relevante do ponto de vista de marketing: a emoção. O rali, mais do que muitos outros desportos, consegue transmitir uma sensação de imprevisibilidade, ousadia, esforço e risco”, conclui o especialista em desporto motorizado.