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Mundial de Rallycross passou a modo elétrico

| Revista ACP

Novas máquinas perdem no ruído, mas debitam 680 cv e mais de 800 nm de binário o que as torna mais rápidas do que um F1 no arranque.

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O Campeonato Mundial de Rallycross da FIA apresentou os novos carros eléctricos de topo de gama RX1e.

Embora os novos carros possam parecer-se com os antigos no exterior, o que está por baixo do capot marca uma enorme mudança para esta disciplina do desporto automóvel, uma das maiores em toda a sua história. A apresentação decorreu em agosto na Noruega, já que é uma modalidade que goza de grande sucesso na Escandinávia.

O promotor do Rallycross anunciou uma estratégia em 2018 para que a série passasse a ser totalmente eléctrica até 2020, algo que não aconteceu, mas uma mudança de promotor (apoiado pela Red Bull) deu entretanto um novo ímpeto ao plano, e 2020 assistiu ao lançamento do Projekt E, uma nova subclasse a correr ao lado das antigas categorias Supercarro e RX2.

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As vantagens foram evidentes - tanto que em 2021, a categoria RX2 foi totalmente substituída pela RX2e, uma nova classe eléctrica utilizando carros de corrida idênticos do tamanho do Fiesta com 340 cv e tracção integral.

Apesar da falta do ruído de motor a combustão que até agora caracteriza o rallycross, muitos condutores preferiam as corridas eléctricas, com os motores mais silenciosos permitindo-lhes ouvir melhor como os pneus se agarravam nas curvas e qualquer impacto importante do chassis  no decorrer da provas. Com o ritmo e sucesso da nova série RX2e comprovado em 2021, era apenas uma questão de tempo até que a categoria de nível mais alto, o RX1 (anteriormente Supercarro)~, partisse para a electrificação.

A razão para escolher a pequena vila norueguesa de Stjørdal como o local para a inauguração dos novos RX1e é por estar apenas a um passo do "Inferno", já que aquela localidade é famosa na Escandinávia pelo seu circuito compacto de rallycross, sendo presença incontornável nos calendários do campeonato da FIA.

"Hell" foi o local da segunda ronda do campeonato mundial de rallycross deste ano, mas representou ainda a primeira prova para os novos RX1e. Devido a um calendário de desenvolvimento tecnológico notavelmente curto, de cerca de 18 meses, mas também a problemas contínuos na cadeia de fornecimento global, os novos carros não estavam prontos para a abertura da época em Höljes, na Suécia, e passaram pouco tempo em testes pré-época antes da sua primeira aparição competitiva. Isto significava que ainda havia muita incerteza quanto ao seu desempenho em comparação com os antigos Supercarros movidos a gasolina.

Mais rápido do que os carros antigos?

Todos os novos carros RX1e são equipadois com um novo grupo motopropulsor da empresa austríaca Kreisel, que utiliza uma bateria de 52kWh para alimentar um par de motores de 250kW, que desenvolvem juntos um total de 680 cv. Com 880Nm de binário instantâneo, os novos modelos já foram descritos como "brutais" em termos de aceleração.

As primeiras indicações de que os novos carros eram globalmente tão rápidos como os antigos RX1s chegaram quando, após algumas voltas no seu Volkswagen Polo RX1e após o evento em Höljes, o quatro vezes campeão mundial, Johan Kristofferson, acreditou (na ausência de qualquer timing oficial) que tinha estabelecido um novo recorde de volta na pista que tão bem conhece.

Embora o Campeonato do Mundo se esteja a tornar elétrico, o Campeonato Europeu permanece por agora com motor de combustão e corre paralelamente ao Campeonato do Mundo, tornando os carros Euro RX1 (o equivalente aos carros do antigo campeonato do mundo RX1) uma referência útil para julgar as novas máquinas.

Apenas alguns décimos de segundo separaram os carros RX1e e Euro RX1 em torno do apertado circuito de quilómetros no "Hell" e, finalmente, Kristofferson venceu a corrida do fim-de-semana, estabelecendo um novo recorde de 37,676 segundos na sua terceira volta no processo de aquecimento. Nada mau se se tiver em conta que os novos elétricos têm ano e meio de desenvolvimento contra 30 anos dos carros Euro RX1.Os novos carros podem não soar tão bem como os antigos, mas com um tempo de 1,8 segundos para atingir os 100 km/h (mais rápido do que um carro de F1), há poucos sinais de que os condutores se preocupem com o ruído.

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