Uma empresa pretende criar um complexo turístico, desportivo e tecnológico no concelho de Serpa (Beja), num investimento de 16 milhões de euros que inclui um circuito automóvel vocacionado para carros elétricos e um centro de desenvolvimento.
O projeto “Circuito do Sol – Circuito de Treino de Automóveis e Equipamentos de Apoio” passa pela reconversão e ampliação do antigo kartódromo deste concelho, que está desativado, criando a primeira pista do mundo “pensada e desenhada” para veículos elétricos.
O investimento é promovido pela empresa Circuito do Sol, propriedade dos empresários Raul Garcia Isern, de Espanha, e Lars Lindberg, da Suécia, segundo o respetivo Estudo de Impacte Ambiental (EIA), que esteve em consulta pública entre agosto e setembro de 2021, mas ainda não tem decisão.
Ambos são sócios de uma empresa ligada ao desporto motorizado em Málaga (Espanha), possuindo “um vasto currículo na gestão e manutenção de carros de corrida” e representando “várias marcas de carros de corrida para a Península Ibérica”, pode ler-se no EIA.
O estudo refere que os seus clientes são, “sobretudo alemães e nórdicos que, pelo facto de nevar durante quase metade do ano nos seus países, procuram o sul da Europa para a prática do desporto motorizado”.
“Detetada a oportunidade, nasceu a ideia de criar o próprio circuito e, futuramente, irão trazer os seus clientes para Portugal”, bem como “angariar muito mais pilotos e marcas para utilizarem o ‘Circuito do Sol’”, frisa o estudo.
O documento acrescenta que o investimento será “uma oportunidade de negócio não só para os promotores, mas também para ao concelho de Serpa, região do Alentejo e mesmo para Portugal”.
Está previsto que o projeto seja desenvolvido numa propriedade com 62,7 hectares (ha) na freguesia da Vila Verde de Ficalho, no concelho de Serpa.
No mesmo local, está prevista a criação de um complexo “turístico, desportivo e tecnológico” vocacionado para a prática do desporto motorizado, “com uma componente de desenvolvimento e inovação ao nível dos veículos elétricos”.
As primeiras duas fases do projeto, que justificaram o EIA, estimam a criação do circuito automóvel, assim como de edifícios de apoio, de um hotel rural e do centro de desenvolvimento tecnológico de carros elétricos (DEAL – Development Eletric Auto Lab, em inglês).
A pista deverá ocupar uma área de “aproximadamente 10 ha” e tem como objetivo ser “100% sustentável” e a primeira “pensada e desenhada” para veículos elétricos a nível mundial.
Com uma extensão de 2.978 metros, o circuito vai ter uma infraestrutura “que permitirá carregar até 30 veículos” elétricos, mas, “nos primeiros anos de exploração” será possível utilizar a pista com “viaturas a combustão” a gasolina ou gasóleo.
Um ‘club house’, edifícios de manutenção, boxes e o hotel rural, com 14 unidades de alojamento (‘vilas’ de tipologia T2) são alguns dos equipamentos de apoio previstos.
O projeto inclui também o DEAL, “destinado ao desenvolvimento, fabricação e inovação tecnológica de veículos elétricos” e que combinará “desporto automóvel, turismo e inovação tecnológica”.
Este laboratório visará “a produção e o desenvolvimento tecnológico de veículos elétricos, utilizando para o efeito o circuito como pista de testes”.
A empresa promotora do investimento prevê no EIA que o “Circuito do Sol” inicie este ano a sua atividade, estimando a criação de até “cerca de 40 postos de trabalho”.
Para o futuro, nas fases 3 e 4, os investidores querem criar uma pista oval para testes em piso molhado, um circuito 4x4, uma pista para motocrosse elétrico, uma escola de condução e um empreendimento turístico de cinco estrelas.