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Na estrada e fora dela

| Revista ACP

A nova Classe E All Terrain da Mercedes inaugura o segmento todo o terreno nas carrinhas da marca, uma aposta que outras fizeram há vários anos com grande sucesso. Não sei se por resistência, conservadorismo ou outras opções, a verdade é que a Mercedes só agora aderiu à moda.

Pouco depois de ser apresentada a nova Classe E All Terrain da Mercedes, via-a no showroom da marca em Berlim, na Unter Den Linden. A foto de uma mulher do início do século XX desviou-me o olhar: Mercédès Jellinek, a filha de Emil que deu o nome à famosa marca da estrela. E se a vontade de entrar na carrinha era bastante, a verdade é que os olhos fugiam novamente para aquela imagem. Qualquer coisa além do nome se cruzava entre o novo modelo e aquela jovem pálida de Viena. Quando meses depois experimentei a carrinha, a lembrança de Mercédès foi imediata e desvendou-se o porquê de apesar de tão diferentes serem tão semelhantes…

Este modelo inaugura o segmento todo o terreno nas carrinhas da marca, uma aposta que outras fizeram há vários anos com grande sucesso. Não sei se por resistência, conservadorismo ou outras opções, a verdade é que a Mercedes só agora aderiu à moda. A publicidade anuncia-a como versátil, arrojada inteligente. É isto e aquilo, na estrada e fora dela. O aspeto robusto enche-nos a perceção de segurança e fiabilidade. As portas pesadas e o habitáculo com uma insonorização considerável ajudam à festa, colmatada pelo castanho exclusivo de uma enorme elegância dos estofos do modelo que conduzi.

Voltemos a Mercédès. Teve um casamento de sonho com o Barão von Schlosser na Côte d’Azur. Tudo foi idílico na vida do casal em Viena até à Primeira Guerra que os arruinou. Desconhece-se a relação que tinha com o seu pai, sabendo-se apenas que a paixão pelos automóveis não era de todo um laço de união. Ainda assim, Emil Jellinek batizou a marca com o nome da filha por força do negócio com a empresa Daimler e terá feito dela uma imagem de marca na exposição automóvel de Paris em 1902.

De novo na estrada, a condução precisa e segura, os pormenores estéticos sóbrios e a amplitude do espaço como que deslizam pelo asfalto. Quanto a consumos, são mesmo baixos – em média não chega aos 6 litros aos 100 (consumo combinado, cidade e autoestrada, ar condicionado bem forte e bagageira carregada).

E se pensa que pelas dimensões avantajadas não é uma carrinha de cidade, desengane-se. A versatilidade é muita, tal como aparentemente foi a vida de Mercédès. Depois da vida faustosa, os relatos da época dão conta de que chegou mesmo a pedir comida na rua, apaixonou-se de forma arrebatadora por outro barão, mas este, apesar de talentoso, não tinha grande fortuna… E assim entrei com quase 5 metros de carro no inevitável teste do parque do Corte Inglés. As voltas em caracol até chegar ao piso certo lembram também a vida da inspiradora desta prosa, adapta-se em qualquer ambiente.

Os altos e baixos de Mercédès são também partilhados por esta All Terrain, onde o ponto menos conseguido está no motor com parca cavalaria para tão portentosa carroçaria. Mas, tal como cantava Janis Joplin, “Oh Lord, won’t you buy me a Mercedes Benz?”.

* Esta opinião é apenas focada na estética e no neuromarketing. As caraterísticas técnicas ficam para os especialistas.

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