A travessia ferroviária na Ponte 25 de Abril, inaugurada há 20 anos, permitiu transportar 390 milhões de passageiros e "retirar" 62 milhões de automóveis do tabuleiro rodoviário, entre Lisboa e Almada, revelou a concessionária Lusoponte.
"A linha ferroviária que atravessa a ponte não só permitiu melhorar o fluxo de transportes de entrada e saída da cidade de Lisboa, como evitou a emissão de 780 mil toneladas de dióxido de carbono nestes últimos 20 anos", afirma a Fertagus, em comunicado sobre os 20 anos da passagem do primeiro comboio na Ponte 25 de Abril.
A ligação ferroviária foi inaugurada ao fim da manhã de 29 de julho de 1999, uma quinta-feira, com as presenças dos então primeiro-ministro, António Guterres, ministro do Equipamento, João Cravinho, secretário de Estado dos Transportes, Guilhermino Rodrigues, e dos presidentes das câmaras de Lisboa, João Soares, do Seixal, Alfredo Monteiro, e de Almada, Maria Emília Sousa.
A primeira composição, que levou pouco mais de 10 minutos a ligar o Pragal, na margem sul, a Entrecampos, em Lisboa, parou durante algum tempo a meio do tabuleiro da ponte para os convidados apreciarem a paisagem. A viagem tinha começado nas oficinas de Coina, com passagem pelas estações de Fogueteiro, Foros de Amora, Corroios e Pragal, onde decorreu a sessão solene.
"Um primeiro-ministro bem-disposto conduziu hoje durante algum tempo o comboio na Ponte 25 de Abril, apitando alegremente, na inauguração da primeira travessia do Tejo por ferrovia. Satisfação foi o estado de espírito mais visível entre a comitiva VIP que inaugurou o comboio, saudado com acenos por moradores das zonas de Lisboa por onde passou", descrevia a agência Lusa naquele dia.
A ligação ferroviária começou no dia seguinte, uma sexta-feira, a funcionar para o público, a partir das 05:35, e desde então, foram transportados 390 milhões de passageiros, ajudando a retirar 62 milhões de veículos da ponte.
No comunicado, a Fertagus sublinha ainda que transporta diariamente 83 mil passageiros e que tem um índice de pontualidade acima dos 94%. Só em 2018 foram transportados 21 milhões de utentes.
A empresa, a primeira em Portugal que teve maquinistas do sexo feminino, conta atualmente com 168 colaboradores, com uma média de 44 anos e de 16 de antiguidade.
"Desde o Fogueteiro a Entrecampos - as estações nos extremos do eixo - o tempo anunciado será de 27 minutos, enquanto o mesmo trajeto feito de automóvel nas horas de ponta se prolonga por cerca de uma hora e meia", escrevia a Lusa, em 29 de julho de 1999.
A travessia ferroviária sobre o Tejo em Lisboa era uma ideia antiga: aquando da construção da ponte, em 1966, no tempo de Oliveira Salazar, foi também construído sob a Praça da Portagem, na "outra banda", um túnel de 600 metros (aumentado em mais 300 em 1999) que ficou 33 anos à espera dos comboios.