Não é exagero dizer que a EN2 é a estrada “onde cabe um país inteiro”, porque é isso mesmo que acontece por ligar Chaves a Faro ao longo de mais de 739 km, atravessando 35 concelhos distribuídos por 11 distritos. Se em 11 de maio de 1945 o primeiro Plano Rodoviário Nacional a inscreveu como ligação entre o norte e o sul de Portugal, desde Trás-os-Montes ao Algarve, passando pelas Beiras e Alentejo, agregando alguns troços já existentes a que se juntaram outros novos criados mais tarde, a história da EN2 é bem mais antiga.
Única do género na Europa e a terceira mais extensa do mundo a seguir à Route 66 dos EUA e à rota 40 da Argentina, a Estrada Nacional 2 remonta ao tempo dos romanos, há 2000 anos, quando por aqui se estabeleceu o Império Romano. Nessa época o que dela existia servia para fins militares e económicos, facilitando a mobilidade das legiões em defesa do território e permitindo o escoamento dos recursos mineiros até aos portos de embarque.
Mais tarde, os caminhos que uniam as várias regiões do país, de norte a sul, foram reordenados durante a segunda metade do séc. XIX por Fontes Pereira de Melo que na época assumiu várias funções governativas, entre elas a de ministro das Obras Públicas. Durante a década de 30, em plena era do automóvel, a EN2 voltou a ser merecer especial atenção por parte de outro governante, o ministro Duarte Pacheco que através de grandes campanhas de obras públicas procedeu à pavimentação de alguns dos seus troços.
Além de ser considerada a coluna dorsal do País, esta estrada é vista atualmente como uma importante via turística nacional. Em 2016 foi constituída a Associação de Municípios da Rota da Estrada Nacional 2 com o objetivo de promover os territórios atravessados pela mítica via, pela extensa variedade de paisagens, gentes e culturas que reúne, dando a verdadeira sensação de travessia ainda que à dimensão nacional.
Mesmo com os seus pouco mais de 700 quilómetros de extensão, a EN2 conquistou o estatuto de “road movie”, a imagem de estrada associada à liberdade, por um percurso onde os cenários vão mudando à medida que se avança. Percorrê-la ao ritmo das estradas antigas é a melhor forma de a apreciar.