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Líder da Stellantis na Europa alerta para risco de colapso com transição elétrica

| Revista ACP

Jean-Philippe Imparato defende mudança urgente nas metas para os carros elétricos e propõe plano alternativo à União Europeia.

Jean-Phillipe-Imparato

Jean-Philippe Imparato, diretor executivo da Stellantis para a Europa, manifestou-se publicamente contra os atuais objetivos definidos para a transição elétrica na indústria automóvel europeia.

Segundo o responsável, as metas são inalcançáveis e, se mantidas, podem comprometer gravemente a estabilidade do setor na Europa.

Durante a sua intervenção no Salão de Munique, Imparato sublinhou que o mercado real está muito aquém das previsões feitas há seis ou sete anos.

Nessa altura esperava-se que os veículos elétricos representassem entre 25% a 30% das vendas em 2025.

Na prática, os números atuais revelam um cenário bastante diferente, com a adesão dos consumidores a ficar muito abaixo do esperado.

Entre as principais dificuldades apontadas estão a ausência de infraestruturas de carregamento suficientes, a falta de consumidores com capacidade financeira para adquirir modelos elétricos e os preços ainda demasiado elevados para a maioria das pessoas.

Em resposta à situação, os principais fabricantes europeus, incluindo a Stellantis, prepararam um plano de ação que será apresentado à Comissão Europeia.

A proposta inclui o desenvolvimento de um veículo elétrico urbano acessível, com um preço de 15 000 euros e uma autonomia pensada para trajetos citadinos.

Este modelo implicaria alterações regulamentares, especialmente ao nível das normas de segurança, que atualmente representam cerca de 1500 euros no custo de produção de cada carro, quase duplicando o valor total.

Imparato defendeu uma reformulação do segmento A no mercado europeu, observando que mais de 20% das vendas atuais são de veículos abaixo dos 20 000 euros.

"As pessoas não têm dinheiro para comprar carros acima dos 40 000 euros", afirmou, salientando que muitos condutores desejariam um modelo mais económico e funcional.

Na prática a ideia passa pela criação de uma categoria de automóveis semelhante às dos kei car japoneses. Esta posicionar-se-ia entre os quadriciclos e os automóveis “normais”.

Outra vertente da proposta passa por um programa de renovação do parque automóvel europeu, onde a idade média dos veículos ronda os 12 anos e existem cerca de 150 milhões de automóveis com mais de uma década.

 

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Ao invés de pedir subsídios para abates, os fabricantes sugerem a atribuição de créditos de CO2 pela substituição de veículos antigos.

De acordo com os cálculos de Imparato, trocar um carro de 2010 por outro com menos de três anos poderá reduzir as emissões em cerca de 76 gramas por quilómetro.

A meta seria retirar anualmente 10% dos veículos mais antigos da estrada.

O plano inclui ainda medidas específicas para apoiar os veículos elétricos do segmento B e uma nova abordagem para os comerciais elétricos, com metas médias alargadas a vários anos, em vez de exigências anuais fixas.

Atualmente, cerca de 10% das vendas elétricas da Stellantis dizem respeito a carrinhas, sendo que a empresa detém aproximadamente um terço do mercado europeu de veículos comerciais ligeiros.

Para Imparato, é essencial passar das palavras à ação: "precisamos de menos discussões e mais medidas concretas", afirmou.

Por fim, o executivo francês alertou que a sobrevivência da cadeia de fornecimento e dos próprios fabricantes depende de uma intervenção imediata que permita conciliar a transição energética com a realidade económica do setor.

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