Travão de emergência automático, alcoolímetro com inibidor da condução em caso acusar positivo, detetor de fadiga e distração, caixas negras que registam os dados de utilização da viatura, limitador automático de velocidade, assistente de faixa de rodagem, estão previstas na proposta da Comissão Europeia.
O objetivo é salvar até 10 500 vidas e evitar perto de 60 000 feridos graves no período de 2020-2030. De fora ficaram as motos, que foram precisamente um dos meios de transporte que mais aumentou sinistralidade grave em Portugal.
Apesar de muito orientado para a "Mobilidade Segura", estando também previsto que a Comissão ajude os estados-membros a identificar os troços rodoviários mais perigosos e a orientar melhor os investimentos, o documento apresentado descreve também as intenções face às mobilidades Limpa e Conectada e Automatizada.
Na Mobilidade Limpa, são apresentadas as primeiras normas sobre as emissões de CO2 dos veículos pesados. Até 2030, propõe-se a diminuição em 30% das emissões médias de CO2 dos novos veículos pesados de mercadorias. É ainda proposto um plano de ação abrangente para as baterias que contribuirá para criar um «ecossistema» de baterias competitivo e sustentável na Europa.
Já na Mobilidade Conectada e Automatizada, a ideia é tornar a Europa um líder mundial em sistemas de mobilidade totalmente automatizados e conectados.
A estratégia visa atingir um novo nível de cooperação entre os utentes, que poderá trazer enormes benefícios para o sistema de mobilidade no seu todo. Os transportes serão mais seguros, mais limpos, mais baratos e mais acessíveis para os idosos e para as pessoas com mobilidade reduzida. Esta proposta ainda vai ter de cumprir alguns passos até ser implementada. Além do reforço do investimento na infraestrutura, será depois também preciso que seja apoiado pelos estados-membros.
PROPOSTA ELOGIADA
O pacote apresentado recolheu de imediato a concordância dos principais intervenientes, como os construtores de automóveis e o organismo que certifica a segurança dos veículos.
"Mais de 25 mil pessoas perderam a vida nas estradas da União Europeia no ano passado. Após um extenso processo de consulta, esta proposta para atualizar as regulamentações de segurança dos veículos deve ser muito bem acolhida, acelerando a implementação de tecnologia em veículos projetadas para proteger os utilizadores mais vulneráveis", descreveu o secretário geral do Global NCAP e presidente do Stop the Crash, David Ward.
Também a ACEA, a associação dos construtores com fábricas na Europa, Europa, emitiu um comunicado o qual revela satisfação pelas medidas anunciadas pela Comissão Europeia. Segundo aquela associação, algumas das propostas vão exigir uma revisão mais aprofundada para garantir um foco nas soluções mais eficazes com o resultado positivo mais forte. “Os membros da ACEA reconhecem a importância de incluir recursos adicionais de segurança em novos tipos de carro”, afirmou o seu secretário geral, Erik Jonnaert.
Mas, apesar do bom acolhimento, a ACEA pede algum cuidado na aplicação de certas medidas previstas. É o caso do limitador automático de velocidade que faz baixar a velocidade do automóvel com base em informações de câmaras de reconhecimento de sinais de trânsito e ainda bancos de dados de limite de velocidade vinculados ao GPS. O problema é que, diz Jonnaert, os sinais de trânsito não estão harmonizados em toda a Europa e a informação sobre os limites de velocidade não é suficientemente confiável. Os mapas digitais também não são totalmente preenchidos com informações de limite de velocidade para todas as estradas e os dados nem sempre são atualizados. Os sistemas baseados em câmera simplesmente não conseguem se antecipar a todas as situações, como por exemplo, quando os sinais de trânsito são cobertos.