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"A mudança para a condução autónoma pode ser problemática"

| Revista ACP

David Ward, da Global NCap, acredita no potencial dos veículos autónomos, mas teme a fase de transição, que vai ser longa.

David Ward, Global Ncap

Para o secretário-geral da Global NCap, a entidade que supervisiona os testes de segurança aos automóveis a nível mundial, "não vai haver nenhum ganho imediato em termos de segurança por causa dos carros autónomos, nem sequer nas próximas décadas", afirmou ao Autoclube, à margem da Conferência Internacional "Condução Autónoma e o Impacto na Segurança Rodoviária", organizada pela Prevenção Rodoviária Portuguesa e a decorrer em Lisboa até sexta-feira.

Embora acredite "no grande potencial para o futuro dos carros autónomos", Ward, que foi um dos conferencistas, considera que "há um certo exagero e excitação sobre a data em que a globalização dos carros autónomos irá acontecer, sendo a previsão mais credível, para mim, aquela que aponta 2035 como sendo o ano em que toda frota automóvel mundial irá ser autónoma, ou melhor, em que apenas 3% das viaturas são dependentes do condutor e sem qualquer impacto em termos de segurança rodoviária".

Mas o "problema é que continuamos a perder 1,2 milhões de pessoas todos os anos em acidentes rodoviários e a grande esperança que se deposita nos veículos autónomos em termos de segurança não pode significar que nos vamos sentar descansadamente à espera deles enquanto perdemos mais 20 milhões de pessoas até que a condução autónoma se torne uma realidade total. Isso não faz sentido.", referiu este especialista. "O grande problema vai ser a fase de transição", resumiu.  

Mas David Ward sugere uma solução para este problema: "o que faz sentido é encorajar o desenvolvimento dos sistemas de assistência ao condutor, como o controlo automático de estabilidade, que já é obrigatório na Europa, mas também de sistemas como o controlo inteligente de velocidade ou o sistema de travagem de emergência autónoma". Para o secretário-geral da Global NCap, "esse tipo de tecnologia, que é já bastante conhecida no mercado, são as que permitem obter maiores ganhos em termos de redução de sinistralidade rodoviária, hoje, amanhã e ainda por muito tempo até 2035". Com a vantagem de que "estas tecnologias vão ser os grandes módulos para a arquitetura da segurança dos veículos autónomos. E por isso deveriam ser incentivados, nem que fosse por meio de legislação".

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