Há 60 anos, uma nova era teve início em Ingolstadt: o primeiro Audi do pós-Segunda Guerra Mundial saiu da linha de montagem no verão de 1965. Nessa ocasião, após um quarto de século, a Auto Union GmbH voltou a adotar a histórica designação da marca Audi. Este nome pretendia sublinhar o carácter pioneiro do modelo em termos tecnológicos. Afinal, tratava-se do primeiro automóvel da Audi equipado com um motor de quatro cilindros a quatro tempos. O Audi – conhecido internamente como F 103 – foi um sucesso, dando origem a uma série de modelos que, com evoluções sucessivas em design e tecnologia, se manteve em produção até 1972.
Na sua comunicação publicitária, o Audi do pós-guerra era promovido como equipado com um “motor de pressão média”, já que o seu motor de 1.7 litros, com uma taxa de compressão de 11,2:1, posicionava-se tecnicamente entre os motores a gasolina convencionais e os motores diesel da altura. Mais comprido do que o DKW de três cilindros e com o radiador instalado em ângulo, ao lado do motor, no lado esquerdo, passou a contar com faróis retangulares integrados numa grelha do radiador preta, ligeiramente mais larga.
A caixa manual de quatro velocidades com comando na coluna de direção era de série; não foi oferecida caixa automática nesta geração. Tal como no DKW F 102, o novo Audi mantinha os travões de disco montados no interior da transmissão. A transição para o motor a quatro tempos assinalava o início de uma nova era: só nos primeiros três meses foram produzidas 16.000 unidades do novo Audi.
Durante os seus sete anos de produção, o F 103 sofreu apenas alterações pontuais. Em 1970, todas as versões passaram a contar com um novo tablier redesenhado, bem como limpa para-brisas com movimento paralelo, substituindo o sistema de rotação oposta utilizado anteriormente. A partir dessa altura, os clientes podiam também optar, mediante custo adicional, por uma alavanca de mudanças na consola central em vez do tradicional comando na coluna de direção. No verão de 1970, o bocal de abastecimento de combustível nas berlinas foi reposicionado da traseira para o painel lateral traseiro do lado direito. Os grupos óticos traseiros foram também redesenhados para se alinharem esteticamente com os do Audi 100 – modelo em produção desde 1968 e responsável por inaugurar a bem-sucedida Série C da Audi.
A produção do “Audi tipo” da Auto Union manteve-se até ao verão de 1972, altura em que foi substituído pelo completamente novo Audi 80, desenvolvido de raiz. Dentro da família F 103, o modelo mais pequeno, o Audi 60, foi o mais bem-sucedido; mais de metade dos automóveis Audi da primeira geração produzidos – 416.852 veículos – corresponderam a versões Audi 60 e Audi 60 L, totalizando 216.987 unidades.
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Estes números de vendas revelam claramente a importância deste automóvel para a marca dos quatro anéis. Representou uma viragem decisiva, tanto a nível técnico como económico. Entre 1965 e 1972, o novo Audi e os seus derivados suscitaram um interesse tão grande que não só lançaram as bases para uma gama de modelos orientada para o futuro da empresa, como também devolveram a Auto Union ao caminho do sucesso, contribuindo assim para a independência a longo prazo da marca Audi no seio do Grupo Volkswagen.