A segunda geração do A1 partilha a plataforma MQB-A0 e vários componentes mecânicos com os “irmãos” Seat Ibiza e Volkswagen Polo, um dado que explica a passagem da produção da Alemanha para Espanha, na fábrica de Martorell ao encargo da Seat. Para esta geração, a Audi não disponibiliza a carroçaria de três portas, nem a opção Diesel, ao contrário do que acontecia até aqui.
O novo A1 apresenta-se como o mais forte candidato a referência de um segmento que não conta com a participação da Mercedes ou BMW, logo, os principais rivais são o Mini e o DS3 (embora o francês com menos argumentos do que o Mini para fazer frente ao A1). A grande aposta da Audi para o novo A1 passa por um design exterior emotivo, desde logo pelo “regresso ao passado” conseguido pelas três entradas de ar horizontais debaixo da aresta do capot, idênticas ao carismático Sport Quattro, um dos ícones da marca alemã que fez uma carreira brilhante no campeonato mundial de ralis na década de oitenta.
O nível de equipamento exterior S Line, o mais desportivo da gama A1, aumenta as dimensões das entradas de ar, as soleiras das portas recebem o nome “S Line” e ainda, uma asa traseira de maiores dimensões. Por fim, utiliza a grelha singleframe, uma característica comum aos Audi atuais, enquanto a forma inclinada do pilar C, dá um aspeto mais aguerrido e moderno ao pequeno citadino.
Esta segunda geração ultrapassa a barreira dos quatro metros em comprimento (4,03 metros), um aumento de 56 mm face ao antecessor, a largura é praticamente a mesma (1,74 metros), enquanto em altura cifra menos 13 mm para um novo total de 1,41 metros, enfatizando o lado desportivo. A maior distância entre eixos (mais 94 mm, para um total de 2,56 m), justifica a grande melhoria da habitabilidade atrás (segundo a Audi há um aumento de 43 mm de espaço para pernas), contudo, o túnel central é algo intrusivo, um detalhe que se verifica nos restantes modelos que utilizam a plataforma MQB-A0, o que prejudica o conforto ao transportar três passageiros atrás. Por fim, a bagageira cresce dos 270 para 335 litros, extensível para 1090 litros com o já habitual rebater dos bancos traseiros, aproximando-se das volumetrias de bagageira registadas pelos “irmãos” Polo (351 litros) e Ibiza (355 litros).
Tendo o estatuto de referência, o A1 destaca-se dentro do segmento quando se fala em acabamentos e montagem ao apresentar cuidado e atenção ao detalhe na ligação de painéis e componentes do interior. A parte superior do tablier é revestida por materiais suaves ao toque, um dado que não se verifica nos restantes painéis, que recorrem em demasia a plásticos rijos - esta unidade tem a especificação Advanced, a mais simples de interior, mas há mais dois níveis com melhores acabamentos: Design e S-Line. O habitáculo foi desenvolvido em torno do condutor, apresentando uma consola central direcionada para o mesmo (13 graus em relação ao eixo transversal do A1), um valor que não é alcançado por mais nenhum veículo do segmento, vincando o carácter desportivo desta geração. Para corresponder às exigências tecnológicas, o A1 inclui de série o ecrã tátil de 8,8 polegadas (10,1” em opcional) que suporta o sistema de infotainment MMI Rádio Plus. Apresenta um bom grafismo, contudo, poderia ser mais veloz na resposta ao toque.
Uma das novidades neste A1 é o adeus ao painel de instrumentos analógico, já que esta segunda geração está equipada de série com um painel de instrumentos digital com 10,25” na diagonal (12,3” em opcional com o sistema Virtual Cockpit utilizado nos modelos de segmentos superiores). Por fim, destaque para o bom número de assistentes à condução de série como o aviso de transposição de faixa de rodagem com correção de direção e alertas por vibração ao condutor e travagem automática de emergência Audi Pre Sense.
Com uma posição de condução agradável e fácil de encontrar graças às boas amplitudes de regulação tanto do volante como dos opcionais bancos desportivos com apoio lombar (395€), a grande surpresa vai para a desenvoltura do três cilindros, agora denominado 30 TFSI, aqui em ensaio acoplado à rápida, precisa e razoavelmente suave caixa manual de seis velocidades. Durante o nosso teste o consumo misto assinalou 5,3 l/100 km, passando para os 6,3 l/100 km em ciclo urbano, valores interessantes para um motor com 999 cc, no qual o turbo tem um papel crucial. Nas nossas medições à chuva com o piso bastante molhado o Audi A1 completou em 9,7 segundos os 0 a 100 km/h, apenas duas décimas a mais do que o anunciado pela Audi, dados reveladores da boa motricidade do citadino. Já nas retomas de velocidade, foi percetível o bom trabalho na contenção de vibrações e de salientar os notáveis valores registados, uma consequência da entrega dos 200 Nm de binário máximo logo às 2000 rpm e que se mantém regular até às 5000 rpm, dando até a ideia de estarmos perante um bloco com maior cilindrada.
Dinamicamente, o A1 é muito competente, uma consequência do bloqueio eletrónico do diferencial (EDS) de série e, tratando-se de um veículo com o equipamento S Line, a inclusão de uma suspensão desportiva, caracterizada por um amortecimento mais firme, alcançando um bom compromisso entre conforto e estabilidade em curva, possibilitando uma condução muito eficaz em estradas sinuosas sem nunca perder a compostura, por ser muito “agarrado” ao solo. A direção cumpre a missão mostrando-se precisa mesmo sendo menos direta do que seria de esperar pelo caráter desportivo. Em suma, o novo Audi A1 apresenta-se com visual emotivo, boa aposta na tecnologia, qualidade geral notável, dinâmica exemplar e um motor capaz de realizar consumos e performances interessantes, porém, estas regalias espelham-se no preço (27 004€) que é algo elevado comparando com os concorrentes do segmento. Para balancear este aumento nominal, a Audi apresenta de série soluções que são novidade no segmento, como por exemplo o painel de instrumentos digital, numa tentativa de encontrar uma relação preço/equipamento que seja atrativa.
Sempre a gasolina
O novo Audi A1 faz uma revolução na gama de motores com o desaparecimento tanto do 1.4 TFSI como do 1.6 TDI, que, em conjunto, valiam mais de metade das vendas do A1 em Portugal (46% para o 1.4 e 11% para o 1.6). Agora sem alternativas Diesel, o A1 estará disponível numa primeira fase de lançamento, nesta versão 30 TFSI com o bloco 1.0 que debita 116 cv. Numa segunda fase, a partir de maio, estarão disponíveis as duas versões mais potentes, o 35 TFSI com o quatro cilindros 1.5 com 150 cv e o 40 TFSI (2.0 com 200 cv e 320 Nm de binário). A versão mais acessível com o bloco 1.0 de 95 cv, a 25 TFSI, apenas estará disponível em julho.
Este ensaio faz parte da parceria com a revista semanal AutoMAG.
