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Vitória com estratégia nacional no Dakar

| Revista ACP

Ainda não foi desta que se ouviu a portuguesa no Dakar, mas foram dois lusos que estiveram por trás da vitória da Honda.

Honda-Final

Ainda não foi desta que o Rally Dakar foi ganho por um piloto português. Mas foi desta que a estratégia lusa resultou num brilhante triunfo, no ponto final sobre um domínio avassalador da KTM desde 2001 e no regresso da Honda ao mais alto do pódio da mais dura prova de Todo-terreno do mundo ao cabo de 31 anos!

Por detrás da mais que merecida glória da Honda neste Dakar estão dois nomes grandes do motociclismo de todo-terreno nacionais. Antigos pilotos, ambos com pódios absolutos e vitórias em várias especiais no Dakar, e com incontáveis triunfos nas mais variadas provas de Rally Raid do mundo, Rúben Faria e Hélder Rodrigues fizeram aquilo que muito poucos conseguem fazer.

Depois de arrumarem as luvas e as botas, Faria e Rodrigues começaram a passar para outros toda a experiência que adquiriram ao longo de anos de competição e, em finais de 2018, acabaram mesmo por ser chamados para o seio da formação oficial da Honda de Rally Raid.

O algarvio Rúben, que assinou a primeira vitória numa especial do Dakar no ano de estreia em 2006, assumiu o cargo de Diretor Geral da equipa, enquanto o lisboeta Rodrigues, o primeiro português a conseguir um pódio no Dakar com o 3º lugar de 2011, é o Conselheiro de Pilotos.

Os resultados não surgiram logo. Todos na Honda sabiam que isso seria um milagre depois de tantos anos consecutivos com a KTM a dominar o Dakar e com praticamente três décadas de jejum da marca nipónica na mais dura prova de TT do mundo. Mas ninguém duvidou das capacidades da dupla Rúben Faria e Hélder Rodrigues.

E a verdade é que a espera compensou e a Honda fez o que quis neste primeiro Dakar asiático disputado na Arábia Saudita. Mostrando saber ler muito bem os pilotos que tinham ao serviço e, ao mesmo tempo, revelando uma excelente capacidade de fazer passar a sua mensagem e estratégia, Faria e Rodrigues colocaram a Honda num patamar à parte... Talvez mesmo no patamar em que a KTM esteve no passado.

Prova disso foram os 16 pódios conseguidos pelos seus pilotos. Seis deles vitórias repartidas por Ricky Brabec, que acabou por se estrear a vencer e se tornar no primeiro norte-americano no mais alto do pódio do Dakar, José Ignácio Cornejo, o único da equipa além de Brabec com duas vitórias em especiais, Kevin Benavides e Joan Barreda. Apenas o sul-africano Aaron Maré não esteve ao mesmo nível, e tudo devido a uma lesão contraída na mão na sequência de uma queda logo no início do rali.

Mas não foi apenas nos resultados que se viu a mão invisível de Faria e Rodrigues nesta constelação de estrelas da Honda. Se Brabec conseguiu chegar à liderança na terceira etapa e apresentar uma regularidade invejável, os seus colegas de equipa souberam ler a prova e cerrar fileiras em torno daquele que se estava a revelar o mais forte do quarteto.

Algo bonito de ver para quem está fora, mas com que nem sempre é fácil de lidar no seio de uma formação em que todos estão na prova para vencer. É aqui, na estratégia, na mentalização e moralização dos pilotos que os homens dos bastidores sobressaem. E foi isso que Rúben Faria e Hélder Rodrigues fizeram com grande mestria, não dando à KTM a menor hipótese de assinar a 19ª vitória consecutiva no Rally Dakar.

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