Seja de férias ou em qualquer outro registo, viajar de elétrico na região do Douro Superior é um verdadeiro calvário. Se por um lado abundam paisagens fabulosas, quintas que produzem e guardam pequenos tesouros vinícolas, terrenos meticulosamente ordenados com oliveiras e amêndoas e até um museu que, no meio de nada, espalha charme e conta episódios relevantes da pré-história de Portugal, por outro lado há um deserto de postos de carregamento. Em Vila Nova de Foz Côa há apenas um posto de 22 kW. O mais próximo fica em Torre de Moncorvo, a 20 km. Se quiser mais alternativas, tem Freixo de Espada à Cinta, a 60 km, com dois postos. O posto rápido mais perto (até 50 kW) fica em Macedo de Cavaleiros, mas isso implica um passeio forçado de 70 km.

A única via para a tranquilidade é dispor de uma wallbox no local onde vai pernoitar, pois só assim pode tirar proveito total de uma região com inúmeros pontos de interesse como Castelo Melhor (um dos mais antigos de Portugal) ou Barca D’ Alva, ponto de partida da já famosa rota dos túneis, uma das maiores obras de engenharia ferroviária finalizado em 1887 e que pode ser percorrido numa caminhada inesquecível até La Fregeneda.

De Portugal ao Quénia com uma 4L, parece ser uma tarefa impossível, mas não foi isso que impediu quatro portugueses de cumprir o rali de clássicos mais exigente do mundo. O East African Safari Classic é um rali de regularidade conhecido pela sua extrema dificuldade onde durante nove dias e cerca de 5 mil quilómetros modelos clássicos percorrem longas picadas no Quénia. As duas dulpas portuguesas formadas por Pedro Matos Chaves/Marco Barbosa e por António Pinto dos Santos/Nuno Rodrigues da Silva decidiram celebrar os 60 anos do modelo e provar que o carro menos potente em prova também a consegue realizar. O antigo piloto de fórmula 1 Pedro Matos Chaves esteve ao volante de uma 4L “zebra” e contou como tudo se passou.

Foram nove dias de aventura com um carro de apenas 34 cavalos que muitas vezes tinha dificuldade em acompanhar a prova devido a questões geografias como subidas a montanhas que alcançavam os dois mil metros de altitude, ou pela própria exigência da prova com troços de velocidade média de 75km/h, praticamente a velocidade máxima de uma 4L nesses pisos. Apesar de todas as dificuldades as 4L foram um sucesso internacional recebendo prémios e destaques como pousar para a fotografia com o piloto norte-americano Ken Block.

Tempo ainda para conhecer o um automóvel muito especial que ficou conhecido em todo o mundo por causa do filme “Regresso ao Futuro”, um Delorean que pertence a um sócio ACP. Pensa-se que seja o único matriculado em Portugal e foi comprado por volta de 2009 em leilão. Com apenas 10 mil quilómetros percorridos este exemplar de 1981 está em excelentes condições de conservação.

Foram produzidas apenas sete mil unidades e todas equipavam um bloco V6 de 2.9 litros que produz apenas 130 cavalos. Uma verdadeira máquina do tempo que não deixa ninguém indiferente sempre que sai da garagem.