Morreu Teresa Cupertino de Miranda aos 78 anos

| Revista ACP

O ACP expressa sentidas condolências aos amigos e à família de Teresa Cupertino de Miranda, que integrou a direção do clube entre 1998 e 2004.

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Teresa Cupertino de Miranda, a primeira mulher portuguesa a competir no Dakar, morreu na segunda-feira, 30 de junho, aos 78 anos, vítima de doença prolongada.

Filha de Artur Cupertino de Miranda, fundador do extinto Banco Português do Atlântico, cuja família era uma das dez mais ricas de Portugal até ao 25 de Abril, o percurso de Teresa Cupertino de Miranda poderia ter tido outro, mas a sua irreverência tornou-a numa das figuras mais marcantes da história do automobilismo nacional.

Pioneira no desporto motorizado feminino, fica na memória dos fãs de todo-terreno (TT) como uma figura aguerrida e de espírito aventureiro, uma piloto ímpar, que afirmava que o que lhe dava mais prazer nas corridas era deixar os homens "a comer poeira".

Corajosa e determinada ajudou a abrir as portas do desporto motorizado às mulheres. E em 1992 torna-se na primeira mulher portuguesa a participar no rali Paris-Dakar. Competiu ao volante de um Nissan Patrol e, formando equipa com Berta Assunção e Manuel Caetano, concluiu a prova no 110.º lugar. Só depois dela, surgiram pilotos como Joana Lemos e Céu Pires de Lima, Elisabete Jacinto e Maria Luís Gameiro (as únicas mulheres portuguesas a participar no Dakar).

 

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A carreira seguiu entre a segunda metade da década de 1990 e o início dos anos 2000, com prestações notórias em diversos raids nacionais e espanhóis e no campeonato nacional de TT, aos comandos de um Toyota Landcruiser.

As memórias do percurso desta pioneira estão registadas em “Viagem Com o Meu Olhar”, livro que Teresa Cupertino de Miranda publicou em 2003. Nele descreve aventuras e revela uma paixão pelos automóveis desde tenra idade.

Ficou também conhecida pelas expedições que realizou e pelas fotografias que registam essas viagens. Foram mais de 80 viagens, muitas delas com José Megre, outro nome histórico do automobilismo nacional e das expedições em automóvel, já falecido e habitualmente apelidado como “o pai do todo-terreno”. Chegou a fazer uma expedição de 22 mil quilómetros, entre Lisboa e a Índia.

Em 2020, Teresa Cupertino de Miranda revelou à revista Sábado como, após quase uma década a viver no Brasil no pós-25 de Abril, regressou a Portugal determinada em percorrer o mundo. As primeiras expedições foram Guiné-Bissau-Lisboa e Paris-Cidade do Cabo, em 1991, viagens de pura resistência que foram antecâmara da sua participação no Dakar de 1992.

Teresa Cupertino de Miranda era sócia do Automóvel Club de Portugal, tendo integrado a direção do clube, entre 1998 e 2004.

O velório decorre esta terça-feira às 19:00, na Igreja de Santo António, no Estoril, e o funeral realiza-se na quarta-feira, 2 de junho, pelas 14:00.

O ACP expressa sentidas condolências aos amigos e à família de Teresa Cupertino de Miranda.

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