Citroën mais rápido do mundo vendido em leilão

| Revista ACP

Conjunto Citroën SM Pickup e SM, que faz parte do prestigiado 200 MPH Club, foi leiloado por quase 170 mil euros.

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A inovação tecnológica e de design fez sempre parte do ADN da Citroën, com vários exemplos de arrojo ao longo dos anos, como foi o caso do Traction Avant, o DS, o famoso sistema de suspensão hidráulica, que permite que o carro circule com apenas três rodas, os faróis dianteiros direcionais, e muito outros.

Ora foi com essa vontade de inovar e passar a contar com um modelo mais desportivo que, em 1968, o construtor gaulês comprou a Maserati que, à data, passava por dificuldades. Em resultado dessa aquisição, Robert Opron, desenhador chefe da marca do duplo Chevron, foi incumbido de projetar um coupé de duas portas no qual seria montado o V6 da marca do tridente, um bloco que já tinha dado boas provas e que dava pelo nome de SM. Dois anos mais tarde era dado a conhecer o Citroën SM.

Pouco mais tarde, em 1976, e do outro lado do Atlântico, Jerry e Sylvia Hathaway fundaram a SM World Ltd, empresa que se tornaria na referência no continente Norte-americano no que toca à Citroën. De tal forma que, algum tempo depois, Jon McKibben, cliente de Hathaway, disse-lhe que o SM seria uma excelente plataforma para alterar com vista a um recorde de velocidade em terra, dada a incrível forma aerodinâmica do carro.

Daí ao restauro de um Citroën SM que estava para ser vendido à peça e respetiva transformação num carro de corridas por Hathaway foi um salto. Inicialmente dotado de um motor aspirado de 3.0 litros com carburadores Weber 48IDA, com uma potência de 250 cv, a primeira tentativa de recorde de velocidade, em El Mirage, traduziu-se num ritmo de 223,52 km/h. Uma marca que foi depois superada em Bonneville, em 1979, com uma cronometragem em 241,92 km/h.

Só então o SM passou a contar com dois turbocompressores AiResearch de 20 psi, o que tornou possível começar a sonhar com a quebra da barreira dos 320 km/h e a consequente entrada para o restrito e prestigiado 200 MPH Club, o grupo daqueles poucos que conseguem ultrapassar os 320 km/h de velocidade.

A tarefa não foi fácil e, depois de anos de adversidade, a maior parte deles devido a condições climatéricas adversas, Jerry conseguiu bater a tão almejada marca dos 320 km/h em 1985, estabelecendo de forma inequívoca a máquina da SM World como o Citroën mais rápido do mundo, um epíteto que, crê-se, ainda hoje pertence ao carro preparado por Hathaway.

Dois anos mais tarde foi a vez de Sylvia entrar para o mesmo clube ao fazer uma passagem de qualificação em 330,31 km/h, o que se traduziu num recorde de 323,68 km/h, uma marca que perdurou intocável durante 23 anos.

Algures durante os anos 80 do século passado, a carrinha usada por Hathaway para rebocar o SM de corridas foi roubada. E se a maioria de nós trataria de comprar um qualquer outro veículo para a substituir, Jerry fez uso das muitas lições aprendidas ao cabo de anos a trabalhar com a Citroën e arranjou uma solução muito mais interessante e que passou pela compra de outro SM, que foi convertido numa carrinha para rebocar o carro de competição.

A isto Jerry juntou a construção de um reboque personalizado, dotado de famosa suspensão Citroën hidráulica, que era operada graças a uma bateria montada no próprio reboque.

Ao longo do anos, o conjunto da carrinha e do reboque reclamaram tantas atenções como o próprio carro. Tantas que o trio passou a ser conhecido como “The Rig”.

Agora, e depois de ter sido exibido em vários museus, o conjunto, que foi a circular até às instalações da Gooding & Company em Los Angeles, foi leiloado por quase 170 mil euros, um valor que ultrapassou as expectativas iniciais que apontavam para uma licitação máxima de 167 mil euros.

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