Boticas

O Vinho dos Mortos e as Invasões Francesas

Boticas, concelho marcadamente rural, está situado a noroeste de Portugal e pertence ao Distrito de Vila Real, em plenos Trás-os-Montes. Criado pela reforma administrativa de 1836, abrange uma parte das chamadas terras do Barroso, assim chamadas porque nelas existe a Serra do Barroso - algumas das freguesias do concelho de Boticas incluem o topónimo "Barroso", no seu nome, tais como Alturas do Barroso e Covas do Barroso.

Esta região do Barroso, que também abrange o concelho de Montalegre, é constituída por altas montanhas e largos planaltos que, naturalmente, imprimem características particulares nos aspetos humanos, económicos e culturais.
O topónimo Barroso foi adotado como nome de família por senhores da terra, desta região, no reinado de D. Afonso III.

  • Onde?

    Boticas

    Boticas, concelho marcadamente rural, está situado a noroeste de Portugal e pertence ao Distrito de Vila Real, em plenos Trás-os-Montes. Criado pela reforma administrativa de 1836, abrange uma parte das chamadas terras do Barroso, assim chamadas porque nelas existe a Serra do Barroso - algumas das freguesias do concelho de Boticas incluem o topónimo "Barroso", no seu nome, tais como Alturas do Barroso e Covas do Barroso.

    Este região do Barroso, que também abrange o concelho de Montalegre, é constituída por altas montanhas e largos planaltos que, naturalmente, imprimem características particulares nos aspetos humanos, económicos e culturais.

    O topónimo Barroso foi adotado como nome de família por senhores da terra, desta região, no reinado de D. Afonso III.

    O concelho de Boticas fica rodeados pelos de Montalegre, a norte e oeste, o de Chaves, a este, os de Vila Pouca de Aguiar e Ribeira de Pena, a sul e pelo de Cabeceiras de Basto a oeste - estende-se da Serra do Barroso às de Leiranco e Pindo e da Serra dos Marcos até ao Rio Tâmega.

    Durante séculos, as características físicas da região, a sua localização, os difíceis acessos, determinaram o isolamento e o pouco desenvolvimento.

    Hoje em dia, com a melhoria das estradas nacionais que servem o concelho e as auto estradas que permitem acesso mais fácil, a região está a desenvolver-se e a conseguir exportar os seus produtos de excelência, como a afamada "carne barrosã", e o fumeiro, em cuja produção as gentes de Trás-os-Montes são especialistas.

    Outra das produções de excelência é o mel - os vastos campos arborizados e a dedicação dos apicultores permitem uma produção considerável e de qualidade.

  • O quê?

    Gado Barrosão, no pasto

    Para além da criação de gado, os habitantes dedicam-se, naturalmente, à agricultura, produção de cereais e, como tal, sendo o terreno difícil, os moinhos que existem e que são muitos, são moinhos de água, construídos naturalmente à beira de rios e ribeiros. Devido à inclinação do terreno, a posição da mó e a admissão da água que a movimenta, obrigava a que a construção de cada moinho fosse estudada em função desses elementos. Estes moinhos só funcionavam quando havia abundância de água - no verão toda a água era desviada para a rega das culturas.

    Esta circunstância, determina que a água seja devidamente usada por todos, havendo o cuidado, de cada freguesia, limpar os regos que levam a água às culturas - outrora, em determinado dia, todos os interessados se reuniam e procediam à limpeza; hoje, torna-se mais fácil e efetivo a junta de freguesia ficar responsável pela limpeza, contratando pessoal para o efeito.

    Ainda noutros tempos, os períodos de rega eram definidos, para cada utilizador. Hoje em dia continua a haver uma gestão parcimoniosa da água, para que todos os terrenos que dela necessitem para as suas culturas não deixem de a ter.

    Outra das grandes atividades económicas do concelho é o GADO, fonte de riqueza e alimento das gentes. Desde tempos remotos que a pastorícia, maioritariamente de gado bovino, é praticada. Este gado, com papel destaque no amanho da terra era uma mais valia para quem o possuía - os agricultores que não tinham gado para os trabalhos da terra, lavrar e arar por exemplo, alugavam os animais e, muitas vezes, pagavam o aluguer com dias de trabalho.

    Em muitas aldeias os animais eram criados em conjunto - um agricultor tinha os animais, outro providenciava a alimentação ou o pastorício - o lucro da venda das crias era dividido entre ambos. A partir deste tipo de cooperação, desenvolveram-se duas estratégias que a todos convinham:

    O Boi do Povo - os lavradores associavam-se para comprar e sustentar um boi, cuja função principal era "cobrir" as vacas de todos. Para a sua manutenção, havia algumas variantes, de forma, nunca de fim. Em algumas aldeias o Boi do Povo possuía a sua própria corte e lameiro, onde era produzido feno para o seu sustento. Noutras, não havendo lameiro, os agricultores tinham de providenciar o pastoreio do boi do povo. Ao boi do povo estava também confiada a missão de representar a aldeia, combatendo nas "chegas" - espetáculo tradicional nas terras do Barroso a que todos os aldeãos assistem, apoiando o seu touro e vibrando com as suas vitórias. Hoje em dias só Ardãos detém o seu Boi do Povo que, nas outras deixou de ser suportado por razões de vária ordem, uma das quais é a preferência dos agricultores pela inseminação artificial, mais funcional e higiénica. Outra das razões é a diminuição considerável do número de cabeças de gado.

    Continua, no entanto, a haver "chegas", com bois particulares, em todas as festas da região e com o mesmo entusiasmo e apoio das populações.

    Os lameiros não existem só para o Boi do Povo - eram usados para a criação de todos os bovinos. Os animais de menor porte, ovinos e caprinos, eram até há décadas atrás, reunidos em vezeiras - conjunto de animais de vários lavradores e cada um era responsável pelo pastoreio de todos - o número de dias que cada um estava "de serviço" dependia do nº de animais de que era dono.

    Nas festas religiosas, procede-se à bênção do gado, particularmente na Festa de Sr. do Monte, em Pinho.

    Havia ainda outra forma de proteção do gado - o Porquinho de Stº António - um porco era criado com a colaboração de todos, vendido na altura das matanças e o dinheiro dado à Igreja, a favor de Stº António, para que protegesse o gado.

  • Património a descobrir

    - Museu Rural de Boticas - sobre as atividades locais e respetivas alfaias.

    Museu Rural_Interior


    - Igreja de Nª Srª da Livração - Boticas. Neste momento encontra-se em obras, também no interior.

     

     

    Igreja de Nª Srª da Livração- Boticas


    - Castro de Carvalhelhos - vestígios de ocupação pré-histórica. Fica próximo da estância termal de Carvalhelhos, a 800m de altitude, no sopé do monte onde fica o Castro, envolvidas pelo frondoso parque das Serras do Barroso e cujas águas termais são indicadas para problemas da pele e dos aparelhos digestivo e circulatório. Estas água são engarrafadas e comercializadas, não só em Portugal como para o estrangeiro e para outros continentes para além do europeu.

    Castro de Carvalhelhos






















    Castro do Lesenho - castro com três linhas de muralhas, notabilizado pelo achado de quatro estátuas de guerreiros galaicos, atualmente expostas no Museu Nacional de Arqueologia e Etnologia, em Lisboa.

    Castro do Lesenho
     


    Vilarinho Seco - vila muito antiga, como mostram as construções desta rua. O rebanho e o pastor dão a ideia de quão importante esta atividade é.

    Vilarinho Seco

    - Igreja de Stª Maria Madalena - Alturas do Barroso - carranca

    Carranca - Igreja de Stª Maria Madalena

    - Forno Comunitário - Alturas do Baoso oforno comunitário, cujo acendimento e utilização era sujeito a regras bem definidas - quem acendia, quem cozia primeiro, a ordem sequencial - se duas casas coziam simultaneamente, o que era possível, o pão era marcado de alguma maneira, para que não houvesse problemas.

     Forno Comunitário-Alturas do Barroso



    - Igreja Paroquial de Ardãos  

    Igreja de Ardãos

     

    - Cruzeiro e Fonte de Mergulho de Ardãos 

    Cruzeiro e Fonte de Mergulho

     

    - Igreja de S. Bartolomeu - Beça

    Igreja S. Bartolomeu - Beça

     

    - Ponte Pedrinha - Beça

    Ponte Pedrinha - Beça

     

    - Igreja e Cruzeiro - Bobadela
     Igreja e Cruzeiro-Bobadela

     

    - Poço das Freitas - Bobadela  - Minas romanas do Poço das Freitas, exploração mineira a céu aberto com cerca de 1.700 m, destinada à extração de ouro. Hoje não restam quaisquer vestígios daquela atividade.

    Poço das Freitas - Bobadela

     


    - Igreja Paroquial de Cerdedo 

     Igreja Paroquial - Cerdedo

     

    - Casa com Passadiço - Coimbró

    Casa com Passadiço - Coimbró

     

    - Santuário do Sr. do Monte - Pinho 

    - Santuário do Divino Salvador do Mundo - Viveiro

     

    - Igreja Paroquial de Vilar

      Igreja Paroquial - Vilar

  • Gastronomia

    O centeio e o milho eram, em tempos idos, designados por "pão" - depois de todo o processo de produção, o cereal era colhido e organizava-se malhadas (centeio) ou desfolhadas (milho)para separar o grão, as maçarocas da palha, que era enfardada, para servir posteriormente de pasto e cama para o gado. O grão era posteriormente moído nos moinhos de água.

    O belo pãozinho

    Parte da farinha era usada para fazer o delicioso pão, melhor ainda porque era cozido em forno a lenha, o forno comunitário, cujo acendimento e utilização era sujeito a regras bem definidas - quem acendia, quem cozia primeiro, a ordem sequencial - se duas casas coziam simultaneamente, o que era possível, o pão era marcado de alguma maneira, para que não houvesse problemas.


    Carne Barrosã, Fumeiro, Mel

    Algo que acontecia, mais ou menos ao mesmo tempo por todo o concelho, eram as matanças de porco - seguia-se grande azáfama, em tratar das carnes, para conservação e fumeiro, de acordo com o fim a que se destinam - as destinadas a presunto são envoltas em sal, as destinadas a chouriços, paios são postas em vinha d'alhos. Neste caso, depois de ter tomado o gosto e retificado o tempero, é "afunilado" para a tripa, devida e previamente lavada. Só depois passa ao fumeiro, tal como as peças maiores. Na mesma altura, faz-se as farinheira, alheiras, o salpicão e todos os tipos possíveis de enchidos.

    Fumeiro

    Esta é a preparação, a forma de conseguir belos enchidos, presuntos, petiscos para juntar à bela vitela barrosã, ao famoso cozido à moda do Barroso, acompanhado pelo pão e o vinho dos mortos... E o mel do Barroso?! É de chorar por mais!

    O "Vinho dos Mortos" existe só no Concelho de Boticas - a designação, naturalmente, desperta o interesse e a curiosidade de todos sem exceção.

    O Vinho dos Mortos

    Das várias explicações para esta designação do vinho, uma parece a mais plausível, pelos fatos históricos e pela comprovada veracidade científica do processo - corria o ano de 1807, e as tropas francesas, comandadas pelo general Soult invadiram Portugal, pela 2ª vez. Quando os franceses chegaram à região, o povo, com medo da pilhagem de colheitas e não só, escondeu o que conseguiu. No caso do vinho, ele foi enterrado no chão das adegas, no saibro, debaixo das pipas e dos lagares.

    Vinho dos Mortos - O Processo

    Quando os franceses foram expulsos, os agricultores recuperaram as suas casas e os bens que tinham escondido e que sobraram. Ao tirar o vinho, pensaram que estava estragado. Descobriram depois, com agrado, que estava mais saboroso porque, pelo facto de ter estado enterrado, a temperatura constante, passou por uma fermentação, no escuro, que lhe deu novas propriedades: graduação de 10º/11º, palhete, apaladado e com gás natural.

    Também por ter sido "enterrado", ficou designado por "Vinho dos Mortos". Obtido este resultado, por acaso, a técnica passou a ser utilizada, para melhorar a qualidade e a conservação.

    Hoje em dia, são poucos os agricultores que produzem o Vinho dos Mortos, também porque só as vinhas sobranceiras à vila de Boticas e da Granja, plantadas nas encostas, têm condições de clima e solo adequadas à produção deste vinho, de sabor agradável, merecedor de ser apreciado.

    Outro dos produtos abundantes na Terra de Barroso é o mel do Barroso, produto certificado DOP (Denominação de Origem Protegida) - os responsáveis por este produto, esta dádiva da natureza são, para além da mão e sabedoria do homem, são as abelhas, que depositam o mel nos favos das colmeias e o néctar das flores existentes nas encostas do Barroso, como as urze e o queiró. O mel que resulta é escuro, com aroma e sabor únicos, que o tornam rico e apreciado.

    A realização de feiras têm divulgado este mel de excelência.

  • Feiras, Festas e Romarias

    Em algumas aldeias fazem-se ainda as fogueiras, no Natal e Ano Novo, cantam-se e pedem-se os Reis - quem não dá nada é apelidado de "barbas de farelo".

    Em Janeiro realiza-se a Feira Gastronómica do Porco com grande espaço de promoção e venda dos produtos da região. Com festa, tasquinhas, stands de venda

    O Fumeiro nas Feiras

    Para além desta feira, quase todos os meses têm uma festa religiosa ou romaria, com destaque para a de S. Sebastião, em Janeiro e em várias freguesias e do Sr. do Monte, em Pinho, no final (último domingo) de Julho.                                         
    Mel do Barroso

    Agosto é, sem dúvida, o mês que mais festas tem.

    No final de Maio / início de Junho há também festas a destacar:

    - Festa móvel do Corpo de Deus, em Boticas e Granja

    - Festa móvel do Corpo de Deus, no 1º domingo de Junho, em Sapiãos

    - Festa de Nª Srª da Saúde, a 11 de Junho, em Covas do Barroso

  • Acessos e Distâncias
    LISBOA 454 km PORTO 153 km
    Aveiro 214 km Guarda 222 km
    Beja 588 km Leiria 323 km
    Braga 121 km Portalegre 404 km
    Bragança 115 km Santarém 385 km
    Castelo Branco 319 km Setúbal 485 km
    Coimbra 233 km Viana do Castelo 175 km
    Évora 503 km Vila Real 65 km
    Faro 687 km  Viseu 147 km
  • Itinerários Possíveis

    Itinerário 1

    Boticas - Carvalhelhos - Alturas do Barroso - Coimbró - Vilarinho Seco - Boticas

    O 1º Itinerário

    Visita de Boticas, dos seus pontos de interesse, bem como os das freguesias e localidades indicadas. Ver o património disponível e, sobretudo a paisagem envolvente. Especial chamada de atenção para as Termas de Carvalhelhos, o seu parque e o castro próximo.

     Total de km - 59 km, só o percurso de carro

     Tempo de percurso - 1 hora e 8 minutos, só o tempo de condução

     Estradas - maioritariamente por estradas municipais

     

    Itinerário 2

    Boticas - Beça - Ardãos - Bobadela - Boticas

    O 2º Itinerário Possível

    Visita de Boticas, dos seus pontos de interesse, bem como os das freguesias e localidades indicadas. Ver o património disponível e, sobretudo a paisagem envolvente.

    Total de km - 36 km, só o percurso de carro

    Tempo de percurso - 39 minutos, só o tempo de condução

    Estradas - maioritariamente por estradas municipais

     

    Itinerário 3

    Boticas - Fiães do Tâmega - Dornelas - Cerdedo - Boticas

    O 3º Itinerário Possível

    Visita de Boticas, dos seus pontos de interesse, bem como os das freguesias e localidades indicadas. Ver o património disponível e, sobretudo a paisagem envolvente.

     Total de km - 73 km, só o percurso de carro

    Tempo de percurso - 1 hora e 19 minutos, só o tempo de condução

    Estradas - por estradas nacionais e municipais

  • Parceiros ACP

    PARCEIROS ACP
    Abaixo estão os links para todos os parceiros existentes no Distrito de Vila Real, a que Boticas pertence, e que oferecem descontos aos sócios, mediante a apresentação do cartão de sócio.

    - Hotéis
    - Solares
     - Turismo Rural
    - Restaurantes

     

     

     

     

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